Os novos deputados ainda nem tomaram posse, mas já são nítidos os sinais de que a Assembleia Legislativa voltará a ser a grande parceira do Poder Executivo. Não que no Governo passado não fosse, mas naquele período, apesar da maioria dos projetos ter sido aprovada conforme orientação do ex-governador Renato Casagrande (PSB), havia um clima de insatisfação e as críticas ao Palácio Anchieta eram bem comuns nos discursos na tribuna.
O exemplo mais recente de que o plenário voltará a dizer amém para as decisões do Palácio pode ser observado com a escolha do novo presidente da Casa. Um blocão de oposição à atual gestão na Casa, que já reunia cerca de 20 deputados, implodiu após a entrada no governador Paulo Hartung (PMDB) no processo para o comando da Mesa Diretora.
Bastou uma ou duas reuniões com Hartung para o grupo se desfazer e o deputado Da Vitória (PDT), que era apontado como o candidato para representar o grupo contrário a Theodorico Ferraço (DEM), jogar a toalha e tirar o time de campo. Com isso, o bloco agora mudou de lado e como em um passe de mágica rapidamente passou a apoiar a reeleição de Ferraço.
O democrata nunca afirmou que seria candidato à reeleição. Ao contrário, sempre que perguntado sobre o assunto saia pela tangente. No entanto, apesar de cachoeirense agiu como um bom mineiro. Se articulou sem alarde nos bastidores e acompanhou o movimento do blocão de camarote só aguardando o momento exato de dar o bote.
O desfecho que coloca Ferraço como quase candidato único à disputa pela presidência é só um sinal da interferência de Hartung na Assembleia antes mesmo na nova legislatura. Logo que assumiu o Governo determinou que o Orçamento preparado pela gestão anterior fosse engavetado para que um novo, desta vez avaliado pela sua equipe técnica, fosse apreciado pelo plenário. E como era esperado, a versão modificada foi aprovada por unanimidade.
A Assembleia, um poder que deveria ser independente, já foi criticada também nos oito anos que Hartung esteve no poder pelo fato de acatar todas as determinações do Governo. A história, ao que tudo indica, vai se repetir pelos próximos quatro anos. Será um vale a pena ver de novo?