Relação de Hartung e Assembleia começa ficar estremecida

Após ser eleito, a expectativa do meio político era de que o governador Paulo Hartung (PMDB) manteria, assim como foi nos seus dois mandatos anteriores, sua hegemonia na Assembleia Legislativa. No entanto, em menos de 100 dias à frente do governo a relação dele com a Casa, em algumas situações, tem sido bastante conturbada. A mais recente delas aconteceu por causa do programa Escola Viva, projeto que pretende instalar ensino integral em escolas do Espírito Santo.

O projeto chegou ao plenário para ser lido em regime de urgência, no entanto, Hartung não esperava que os parlamentares fossem bater de frente com seu principal projeto de campanha. Com a ajuda de alunos e profissionais da educação, a matéria foi retirada da urgência para ampliar o debate.

Segundo parlamentares, inclusive da base aliada, faltou diálogo com a Casa e também com os principais interessados no assunto, que é a comunidade escolar. Um dos mais combativos ao projeto foi, curiosamente, o professor e deputado Sérgio Majeski (PSDB) que pertence ao partido do vice-governador César Colnago (PSDB).

O que surpreende é de que até mesmo os deputados aliados não estão rezando na mesma cartilha que o Governo. Esse pode ser um sinal claro de que a nova legislatura não tem a intenção de dizer amém a tudo que vem do Palácio Anchieta, como acontecia em anos anteriores em que o próprio Hartung era o governador.

Mas não é só o Escola Viva que está sendo alvo das críticas do plenário. Na semana passada, o deputado Amaro Neto (PPS) também usou a tribuna para criticar a segurança pública do Estado. Em seu discurso, o parlamentar destacou a falta de infraestrutura nas delegacias provocadas pelo corte de gastos na área.

Segundo ele, não tem internet, material de escritório e combustível suficiente para as viaturas. Outro ponto do discurso foi a questão da superlotação nos presídios e os profissionais sem estrutura para trabalhar. “O governo não pode se omitir a esses fatos”, disse Amaro.

O clima de insatisfação atinge ainda o presidente da Casa, Theodorico Ferraço (DEM). Ele, que é conhecido pelo seu temperamento explosivo, já andou declarando que a relação entre os dois poderes não está tão afinada como era esperado.

Caberá ao líder do Governo, o deputado Gildevan (PV), tentar contornar essa situação na Casa. O sinal amarelo já foi aceso no Palácio Anchieta. E se a situação já está assim em menos de 100 dias de mandato, se nada for feito e o diálogo não for aberto, a previsão é de esse mandato de Hartung pode não ser igual ao que passou… pelo menos não tão fácil como era esperado.

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