Prefeito de Vitória processa chargista e ativista LGBTQIA+
Lorenzo Pazolini afirma que charge divulgada foi ofensiva e extrapolou o sentido da liberdade de expressão, enquanto chargista e ativista alegam perseguição política
O prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, processa o chargista Mindu Zinek e a ativista de Direitos LGBTQIA+ Deborah Sabará pela publicação de uma charge após polêmica envolvendo o secretário de Cultura, Luciano Gagno.
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A charge foi publicada em julho deste ano, durante a preparação para a edição 2022 do Manifesto LGBTQIAP+, em Vitória.
Segundo Deborah Sabará, durante uma reunião, atendendo a uma solicitação da OAB-ES, em que foi cobrada uma resposta da Secretaria de Cultura sobre possível apoio à Gold – ONG administrada pela ativista e responsável por organizar o “XI Manifesto do Orgulho LGBTQIA+”, o secretário e o subsecretário da pasta teriam sido preconceituosos em suas falas.
“O secretário Luciano e o subsecretário Thiago responderam que a gestão não pode se comprometer com este tipo de bandeira, que a gestão será cobrada por vereadores, caso apoie este evento de bandeira LGBTIQA+, e que a gestão não vai disponibilizar recursos públicos para eventos com essa temática”, escreveu Deborah, à época, em suas redes sociais.
Ela chegou a registrar um boletim de ocorrência o acusando de falas preconceituosas e Luciano Gagno deixou a pasta no início de julho, reassumindo a secretaria no dia 29 de agosto. Na época, a Prefeitura de Vitória disse que a investigação aberta contra Luciano não teria encontrado condutas que pudessem caracterizar crime e que o Ministério Público deu parecer de arquivamento do caso.
Sobre o processo por conta da charge, uma nota divulgada nesta quinta-feira (03) pelo Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold) afirmou que se trata de uma perseguição política.
"Esse tipo de comportamento demonstra um autoritarismo e revisita a censura que perseguiu diversos artistas e integrantes de Movimentos Sociais durante os amargos tempos da Ditadura no Brasil, um tipo de comportamento que não pode ser tolerado em um Estado Democrático de Direito", diz trecho da nota (confira a íntegra abaixo).
A prefeitura, por sua vez, afirmou que a charge foi ofensiva e extrapolou o sentido da liberdade de expressão.
"Utilizar ambiente público para ofender e desrespeitar gratuitamente terceiros extrapola o verdadeiro sentido da liberdade de expressão, onde a crítica deixa de ser construtiva socialmente e se torna uma acusação irresponsável, desproporcional, desmedida e desprovida de veracidade", disse a nota enviada pela assessoria de imprensa em nome do prefeito.
Veja os posicionamentos na íntegra:
Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade (Gold): "autoritarismo"
O prefeito de Vitória - ES, Lorenzo Pazolini (Republicanos) está processando o chargista Mindu Zinek e a ativista de Direitos LGBTQIA+ Deborah Sabará. Na charge, Mindu retrata Deborah denunciando a LGBTfobia do prefeito.
A publicação da charge ocorreu após o afastamento do atual Secretário de Cultura, Luciano Gagno, que foi denunciado por Deborah ao cometer LGBTfobia, durante uma reunião que discutia o apoio municipal ao XI Manifesto LGBTQIA+ de Vitória, realizado em julho deste ano.
Deborah é Coordenadora de Ações e Projetos do Grupo Orgulho, Liberdade e Dignidade - GOLD, ela e a instituição tem denunciado o descaso do prefeito na construção de políticas públicas para a população LGBTQIA+ e isso nos leva a acreditar que se trata de uma perseguição política, tendo em vista que o prefeito já foi retratado em várias outras charges do próprio Mindu e só essa especificamente rendeu um processo.
Recentemente o cartunista Renato Aroeira e o jornalista Ricardo Noblat foram processados pela criação e compartilhamento, respectivamente, de uma charge crítica ao presidente Jair Bolsonaro. Esse tipo de comportamento demonstra um autoritarismo e revisita a censura que perseguiu diversos artistas e integrantes de Movimentos Sociais durante os amargos tempos da Ditadura no Brasil, um tipo de comportamento que não pode ser tolerado em um Estado Democrático de Direito.
Prefeito de Vitória: "acusação leviana e irresponsável"
Por mais amor, empatia, harmonia, respeito e união entre todos!
Utilizar ambiente público para ofender e desrespeitar gratuitamente terceiros extrapola o verdadeiro sentido da liberdade de expressão, onde a crítica deixa de ser construtiva socialmente e se torna uma acusação irresponsável, desproporcional, desmedida e desprovida de veracidade.
Nesse sentido, o prefeito de Vitória foi vítima de acusação leviana e irresponsável.
Reiteramos a confia nas instituições. Vale destacar que o processo judicial será uma oportunidade para os requeridos comprovarem os fatos alegados, de maneira democrática e republicana, observando-se a Constituição Federal, a ampla defesa e o contraditório.
O prefeito reitera a importância da convivência harmônica entre todos, com amor, empatia, união, sem ofensas e ataques infundados e com menos ódio entre as pessoas.
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