Estamos diante de uma nova onda de contaminação pelo COVID19 afetando principalmente jovens, praticantes de exercícios físicos e esporte e muitos desses pacientes após cura do corona vírus retornarão ou mesmo começarão os treinos, diante esse cenário, quais os cuidados a serem tomados?
Depois de pelo menos duas semanas descansando em casa e assumindo que os sintomas melhoraram, os especialistas aconselham o retorno lento às atividades físicas, observando atentamente os sintomas como tosse, falta de ar, palpitações, tonturas e fraqueza excessiva.
Apesar de muitas incertezas sobre o recomeço aos exercícios a tendência dos especialistas são pela cautela e adequada avaliação médica prévia ao retorno. Declarações de especialistas em pneumologia e cardiologia, publicadas nas revistas “The Lancet” e “JAMA Cardiology”, sugerem cautela sendo endossado no Brasil pelas sociedades BRASILEIRA DE MEDICINA DO EXERCÍCIO E DO ESPORTE (SBMEE) e GRUPO DE ESTUDOS DE CARDIOLOGIA DO ESPORTE (GECESP), DEPARTAMENTO DE ERGOMETRIA, EXERCÍCIO, CARDIOLOGIA NUCLEAR e REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR (DERC) DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC).
Essa preocupação acontece, principalmente, pelo comprometimento cardíaco que tem sido descrito como complicação frequente na COVID-19, o que representa um alerta para a necessidade de investigação de lesões miocárdicas, especialmente miocardite-inflamação do coração, nos indivíduos acometidos pela doença o que pode precipitar graves consequências e até morte súbita.
Dados iniciais relatam alterações no exame de eletro do coração, marcadores sanguíneos de lesão cardíaca e alterações em exames de imagem como ecocardiograma e, principalmente, em ressonância magnética do coração até cerca de 70 dias após o diagnóstico da doença, que não se correlacionaram necessariamente com a gravidade do quadro clínico apresentado. Ou seja, mesmo pacientes com sintomas leves podem ter essas alterações cardíacas.
Apesar de os estudos e confirmações desses achados alterados no coração ainda estejam no início, devemos considerar a possibilidade de que possam representar um risco de arritmas durante o esforço, aumentando o risco de morte súbita em esportistas e atletas.
Desta forma, torna-se essencial a realização de uma avaliação médica especializada antes do início dos treinos após cura do COVID 19 associada a realização de exames cardiológicos. Posições das sociedades citadas no início do texto, sugerem um algoritmo de avaliação para esportistas recreativos, competitivos e atletas na idade adulta, incluindo anamnese, exame físico e eletrocardiograma para todos.
A indicação de outros exames complementares serão conforme a gravidade do quadro clínico apresentado na infecção pelo vírus, doenças existentes como diabetes, obesidade, hipertensão arterial, idade do paciente, medicamentos em uso, esporte ou exercício físico a serem realizados associados em relação à sua intensidade e duração dos treinos. Podendo ser incluídos exames de sangue, teste ergométrico ou cardiopulmonar de exercício, ecodopplercardiograma e ressonância magnética cardíaca. Sendo a recomendação de avaliação mais abrangente nos esportistas competitivos e atletas.
Visto que a evolução tardia da doença ainda é pouco conhecida, ressalta-se a necessidade, mesmo após exames e consulta inicial a manutenção do acompanhamento regular e reavaliação a médio e longo prazo.
Retorno com segurança nos exercícios e esportes é o fundamental!