Os médicos e a travessia da pandemia
Desde quando foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em março de 2020, a pandemia de Covid-19, esta virou a preocupação número um do planeta. No início, enfrentávamos uma doença desconhecida, sem tratamentos específicos ou vacinas disponíveis. Lutamos contra o invisível. Atravessamos uma fase de grandes desafios, na qual nossos limites e crenças foram testados ao máximo.
Hoje já são 4,5 milhões de mortos e mais de 200 milhões de infectados ao redor do globo. Porém, passado um ano e seis meses, com a vacinação em larga escala pelo mundo, a doença mais controlada e a população podendo voltar ao que convencionou-se chamar de “novo normal”, conseguimos ver o outro lado de um problema que parecia não ter fim. Resultado de meses intensos de trabalho de médicos que abraçaram a causa que é nossa vocação: cuidar da saúde do próximo.
Os médicos foram colocados sob um grande holofote. Mais do que nunca fomos observados de perto, ao mesmo tempo em que passamos a ser vistos como heróis. Quem não se lembra de quando recebíamos aplausos em rede nacional? Mas continuamos com a nossa humanidade preservada. Sentimos as perdas, os plantões exaustivos, o risco iminente de infecção, a saudade da família, o peso de carregar milhares de vidas em nossas mãos.
Estamos conseguindo vencer graças ao esforço e à coragem daqueles que se colocaram na linha de frente desta batalha. No caminho, perdemos amigos, colegas, familiares. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), mais de 840 médicos morreram durante a pandemia no Brasil; aqui no Espírito Santo, 35 nos deixaram. Mas aqueles que ficaram, os milhões que se salvaram, continuam nos movendo em frente.
A pandemia ainda não acabou. Novos casos, mortes e variantes do vírus mostram que a guerra está longe de terminar. Mas já vencemos várias batalhas. Aprendemos a desenvolver um novo modus operandi na prática médica, com protocolos sanitários diferenciados e mais rígidos, atendimento com maior biossegurança, telemedicina. E continuamos em busca de oferecer sempre o melhor em prol da saúde, das pessoas, da qualidade de vida e da melhoria da sociedade e da população como um todo.
Dr. Leonardo Lessa
Cirurgião Vascular e Presidente da Associação Médica do Espírito Santo