Saúde

Câncer infantil é a principal causa de morte entre crianças e adolescentes

Comemorado neste sábado (15), o Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil tem o intuito de promover a conscientização para o diagnóstico precoce da doença. Os principais tipos de câncer infanto-juvenis são a leucemia, linfomas e tumores de sistema nervoso central

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Celebrado neste sábado (15), o Dia Internacional da Luta Contra o Câncer Infantil tem o intuito de promover a conscientização para o diagnóstico precoce da doença.

No Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a neoplasia é a principal doença que causa morte na faixa etária de 1 a 19 anos. Ao todo, surgem 12,5 mil novos casos por ano. Entretanto, aproximadamente 80% das crianças e adolescentes podem ser curados se diagnosticados e tratados precocemente.

Os principais tipos de câncer infanto-juvenis são a leucemia, linfoma e tumores de sistema nervoso central. Para o oncopediatra Gustavo Zamperlini, a chance de cura varia de acordo com o tipo de câncer, idade e principalmente do diagnóstico precoce com início rápido do tratamento. 

“Quanto mais tarde a criança começar a terapia, maior a chance de se encontrar a doença avançada e disseminada. Esta situação também pode comprometer muito o sucesso do tratamento, pois leva a quadros clínicos graves, como a desnutrição, insuficiência de órgãos e sangramentos, contribuindo para o aumento da mortalidade”, conta o médico. 

Segundo o especialista, a causa exata de enfermidades tão graves na infância, ainda não é totalmente conhecida. O surgimento do câncer nesta faixa etária está mais relacionado a condições genéticas, ou seja, alterações ou falhas celulares chamadas de mutações. 

“Por algum motivo, os proto-oncogenes, controles ou vigias do organismo responsáveis pela correção dessas falhas simplesmente não funcionam, sofrem mutações e se transformam em oncogenes. Quando isso acontece, a célula acometida passa a se desenvolver de maneira errada, rápida e totalmente doente levando ao câncer”, explica Zamperlini.

Sintomas

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Na criança, como os sintomas de câncer são muito parecidos com os de infecções ou outras doenças benignas desta fase, a atenção dos responsáveis às situações que atrapalhem ou modifiquem as atividades habituais é essencial para a suspeita e ao diagnóstico precoce. 

De acordo com o especialista, os principais sinais de alerta são: palidez, febre persistente, manchas roxas no corpo ou sangramentos repentinos, dores muito fortes em membros inferiores que dificultam o movimento, estrabismo ou alterações súbitas de visão, dores de cabeça relacionadas a vômitos persistentes, alterações de equilíbrio e fala, aumento do volume abdominal (inchaço) e aumento de gânglios - os populares caroços ou "ínguas".

Tipos de câncer por faixa etária

O câncer infanto-juvenil tem dois picos de incidência. O oncopediatra explica que o primeiro ocorre nos primeiros quatro anos de vida, e o segundo perto, do início da puberdade, a partir de 14 anos. “Os tumores mais frequentes nos menores de 15 anos são leucemias, linfomas, tumores de sistema nervoso central e abdominais. Já após essa idade, podem surgir tumores ósseos, gonadais e de tireóide”, detalha o Dr. Gustavo.

Avanço nos tratamentos

De acordo com o especialista, os tratamentos disponíveis para as crianças são muito semelhantes aos sugeridos para os adultos, como a quimioterapia, radioterapia, transplante de medula óssea e cirurgia. Além disso, o principal foco das pesquisas atuais é a imunoterapia, na qual as células de defesa do organismo, como os linfócitos, atacam o tumor.

“Na pediatria, os principais métodos são os anticorpos bi-específicos e as chamadas CAR-T cells, método ainda inédito no país, que modifica geneticamente os linfócitos da criança ou de um doador para atacarem o tumor. Essas medicações ajudam a reduzir os efeitos colaterais da quimioterapia. Contudo, quase todos os tipos de câncer precisam, em algum momento, receber as terapias tradicionais”, explica o médico.

Além da medicação, o centro especializado e equipe multidisciplinar integrada são aliados importantes para o sucesso do tratamento, já que a família e a criança enfrentam longos períodos no hospital, internações e efeitos colaterais marcantes para suas vidas. 

"Enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas têm o papel de detectar qualquer problema específico de suas áreas para colaborar com o, tratamento além de acolher e apoiá-los emocionalmente, contribuindo significativamente para o salto na sobrevida”, reforça o oncopediatra.

Infanto-juvenil X Adulto

O câncer acontece de forma muito diferente na fase infantil e adulta. Em adultos, o crescimento do tumor é lento, insidioso e os tipos mais comuns são próstata, mama e pele. Além disso, ao contrário das crianças, o estilo de vida impacta significativamente no seu desenvolvimento.

"Um exemplo é a relação entre tabagismo e câncer de pulmão. Mas, isso não significa que adultos não apresentem tumores iguais aos da faixa etária infantil, como linfomas e leucemias”, finaliza o especialista.


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