Saúde

Pé diabético: reincidência de lesões pode levar à amputação e até matar

O quadro é definido por infecções e lesões locais, além do ressecamento da pele e alterações na circulação sanguínea

Guilherme Lage

Redação Folha Vitória


Foto: Reprodução/Free Pik

A diabetes é bastante conhecida pelos brasileiros, afinal, 13 milhões de pessoas sofrem com a enfermidade no país. No Espírito Santo, o número chega a 368.036 O que poucos podem saber é que as consequências de negligenciar ou até mesmo não tratar a doença. 

As complicações de deixar para depois o tratamento da doença são muitas e podem levar a amputação de membros e em casos mais extremos, até à morte do paciente. 

Das consequências mais comuns, está o pé diabético, mas o que é esta condição, afinal? A endocrinologista Maria Amélia Sobreiro explica que esta é a denominação dada a complicações que ocorrem nos pés de pacientes descompensados. 

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O quadro é definido por infecções e lesões locais, além do ressecamento da pele e alterações na circulação sanguínea, que podem levar à amputação do membro. Na maior parte das vezes, a complicação é crônica e ocasionadas por ferimentos irreversíveis nos vasos e nervos dos pés. 


"O aumento dos níveis da glicose no sangue, causa lesões em nervos e vasos sanguíneos, que levarão a infecções locais frequentes, ressecamento da pele, neuropatias, parestesias, deformidades por alteração da pisada, alterações na circulação que podem dificultar a cicatrização , levando a úlceras crônicas e quadros de amputações",  explicou. 

Muitas vezes o quadro pode ser de difícil detecção para o próprio paciente, uma vez que perde a sensibilidade nos pés. A pessoa, por exemplo, sequer consegue sentir os sapatos e se lesiona facilmente por não sentir eventuais choques contra objetos.

Frequência de casos e amputações

De acordo com a médica, apesar de grave, o quadro é bastante comum em pacientes diabéticos. Das pessoas que têm a doença, cerca de 5 a 10% desenvolvem a condição. 

Além disso, somente em 2023, de acordo com levantamento do Sistema Único de Saúde (SUS), foram realizadas 28 amputações de pernas e pés no país devido à condição. 

O tratamento do quadro ainda conta com mais uma complicação: alto custo das intervenções cirúrgicas. 

A médica também alerta: o quadro pode se repetir. Por isso, após um episódio, é necessário ter atenção redobrada à doença para que o pé diabético não retorne, uma vez que a segunda ocorrência pode ser mais violenta e até mesmo fatal. 

"O quadro pode se repetir , inclusive de forma mais grave e de difícil cicatrização a cada nova infecção, que se torna uma úlcera que nunca cicatriza. Essa úlcera ou infecção, de difícil tratamento, pode se agravar, levando a quadros de amputação, sepse e morte", disse. 

Segundo Sobreiro, após uma cicatrização bem sucedida de uma úlcera nos pés, a recorrência é de 40% em um ano e 65% no período de três anos. Nos pacientes diabéticos bem controlados, com lesões iniciais, é possível boa recuperação.

Tipos de diabetes 

Sobreiro relata que a forma mais comum de diabetes é conhecida como tipo 1, que é uma doença autoimune em que o paciente produz anticorpos contra o próprio pâncreas, que para de funcionar. 

A doença normalmente se inicia na infância ou adolescência do paciente, muitas vezes de forma aguda, em que é necessário o uso de insulina. 

A diabetes tipo 2 ocorre por uma resistência periférica na utilização da insulina ou por uma falha na sua produção. Os pacientes, na grande maioria das vezes, são adultos, com estilo de vida nada saudáveis, com sobrepeso ou obesidade, exemplifica a médica. 

"Existem ainda o diabetes gestacional e o diabetes secundário ao uso de medicamentos como corticoides ou doenças como Cushing, fibrose cística e acromegalia", informa. 

Cuidados e prevenção 

Apesar de ser uma ocorrência relativamente comum, há formas de prevenir o aparecimento da condição. A principal delas, segundo a médica, é manter o controle adequado da diabetes. 

Isto se faz por meio do controle da alimentação e dos níveis de glicose., além de atividade física e medicamentos, quando necessário. 

Além disso, a médica alerta que é necessário também ter cuidados com a higiene e hidratação da pele. 

"Lembrar também da higiene dos pés, hidratação dos calcanhares e pernas, secar bem entre os dedos para evitar lesões por fungos, inspeção diária dos pés, avaliação de calosidades... Prevenir é a melhor opção", afirmou. 

Também é importante para pacientes diabéticos terem seus pés avaliados rotineiramente por um profissional adequado, que realizará a verificação da presença de pulsos e sensibilidades adequados, bem como avaliar a presença de lesões, fissuras ou ressecamentos. 

"Não tenho diabetes, posso apresentar o quadro?"

Pessoas que não têm a doença também devem ficar atentas a saúde dos pés, explica a endocrinologista. 

De acordo com ela, qualquer um que apresentar neuropatia com perda da sensibilidade por qualquer outra causa ou lesão arterial que dificulte a cicatrização, deve procurar um médico.

"Essas pessoas podem também apresentar risco aumentado de complicações, alteração na cicatrização, infecções e amputações". 

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