Saúde

Cefaleia atinge cerca de 80% das crianças e adolescentes no Brasil

A boa notícia é que já dispomos de tratamentos eficientes para combater essa que é apontada como uma das mais incapacitante do mundo, que atinge pessoas de todas as idades

Bianca Santana Vailant

Redação Folha Vitória
Foto: reprodução/pixabay

Popularmente conhecida como dor de cabeça, a cefaleia é considerada por autoridades em saúde a sétima doença mais incapacitante do mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que 90% da população global já teve, tem ou vai sofrer com algum dos mais de 150 tipos diferentes de dor de cabeça.

O mal, que afeta mais de 140 milhões de brasileiros, atinge pessoas de todas as idades, já é responsável pelas queixas de mais de 80% das crianças e adolescentes, que chegam às consultas relatando pelo menos um episódio de cefaleia antes mesmo de completar 15 anos de idade. 

Dividida em dois tipos, a cefaleia nos pequenos exige maior critério de avaliação para um diagnóstico preciso e decisão clínica adequada. Entenda:

Cefaleias primárias:

"São recorrentes e não são causadas por doenças subjacentes ou problemas estruturais, podemos citar alguns exemplos clássicos que são a enxaqueca e a cefaleia tipo tensão", esclarece a médica pediatra Ana Paula Beltran Moschione Castro.

Cefaleias secundárias: 

"São provocadas por doenças demonstráveis em exames. Exemplos de cefaleias secundárias são as decorrentes de doenças febris agudas, infecções do sistema nervoso central e de tumores", completa.

Cefaleia pode impactar na rotina das crianças

A doutora explica que a cefaleia infantil primária pode impactar diretamente a rotina das crianças quando se manifesta de forma recorrente. A médica explicou que as dores costumam ser frequentes, mas em muitos casos as crianças não conseguem expor a dimensão do problema.

Por isso, com os menores a atenção deve ser redobrada. Um olhar mais atento dos pais e mães sobre o comportamento e a frequência das queixas ajuda a identificar o problema", disse.

Ainda segundo a especialista, é importante avaliar como estas dores mudam o cotidiano das crianças. "Se ela deixar, por exemplo, de fazer alguma atividade que gosta muito, é hora de acender o alerta", orienta.

Dos pacientes que sofrem de enxaqueca, 6% são crianças

No Brasil, são mais de 30 milhões de pessoas afetadas pela doença, sendo 6% dos pacientes ocupando a ala pediátrica. "A enxaqueca é uma das causas mais importantes de cefaleia primaria em pediatria. Porém, em crianças, detectar o problema requer mais cautela", orienta a pediatra.

Além disso, destaca a especialista, algumas peculiaridades que ajudam no momento de detectar o problema e indicar o tratamento. 

"É preciso observar a duração dos episódios de dor, levar em conta a localização da dor. Também alguns pacientes costumam apresentar dificuldades para descrever os sintomas como a foto e fonofobia e, especialmente, a própria intensidade da dor", disse. 

Sintomas que podem ajudar na avaliação da intensidade da dor

- Enxaqueca abdominal - dores abdominais e vômitos cíclicos)

- Vertigem

- Zumbidos

- Alterações do nível de consciência

- Sintomas visuais

Como funciona o tratamento

Nos casos em que o pediatra faz a suspeita do diagnóstico de enxaqueca, a criança pode ser avaliada por um neurologista, pois pode-se fazer necessário um seguimento mais especializado e possivelmente com medicação apropriada.

Para ajudar a reduzir os impactos da doença, na cefaleia primária, é preciso investir em metodologias eficazes de tratamento, assegurando o bem-estar e a qualidade de vida desde os primeiros anos de vida. 

"O ibuprofeno é um princípio ativo eficiente e seguro para controlar e minimizar dores de cabeça em crianças. A substância é estudada há pelo menos 60 anos e tem eficácia comprovada para tratar a cefaleia e enxaqueca. Como tem ação rápida e, predominantemente analgésica, é uma das mais recomendadas da atualidade", afirma.

Além disso, algumas mudanças simples e práticas no cotidiano podem ajudar a reduzir as crises e aliviar o sofrimento relacionado às dores. 

"A orientação é adotar hábitos saudáveis, como melhorar a qualidade do sono; praticar atividades físicas; alimentar-se corretamente; evitar situações de estresse manter-se hidratado, bebendo a quantidade de água suficiente", conclui.

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