ENTREVISTA

"Após os 35 anos, a taxa de gravidez diminui", diz especialista em reprodução

Na entrevista especial deste domingo (28), Layza Marizio Borges fala sobre a gestação após os 35 anos., além dos avanços tecnológicos na área da medicina reprodutiva

Ana Carolina Monteiro

Redação Folha Vitória
Foto: Reprodução/Freepik

Definida como gestação tardia, a gestação após os 35 anos de idade tem se tornado cada vez mais comum nos últimos anos. 

Embora a decisão de ter filhos em uma idade mais avançada possa trazer desafios, maiores cuidados e algumas preocupações, técnicas inovadoras na área da Inteligência Artificial e uma medicina cada vez mais moderna promovem melhores possibilidades. 

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O fato é que essa mudança de padrão pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a busca por estabilidade financeira, a priorização da carreira e o desejo de realizar sonhos pessoais antes de se tornar mãe.

Inclusive, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, entre 2010 e 2020, o número de mães com 35 anos ou mais aumentou em 31%. Essa tendência reflete a mudança na estrutura familiar e nas prioridades das mulheres contemporâneas.

Na entrevista especial deste domingo (28), a  reportagem do Folha Vitória conversou com Layza Merizio Borges, médica, doutora em reprodução humana. Em destaque, os principais aspectos da gravidez tardia, seus mitos, tabus, além dos fatores sociais, emocionais e de saúde envolvidos.

1. É cada vez mais comum encontrar mulheres que escolhem ser mães mais tarde?

Layza Merizio Borges - Sim! Com a transformação da sociedade ao longo dos anos e o ingresso da mulher no mercado de trabalho, há uma tendência progressiva pela postergação da maternidade em prol da carreira profissional. 

O fator profissional é um importante motivo para preservação da fertilidade, mas o fator social é o mais prevalente. Muitas mulheres atingem os 30 anos sem encontrarem o parceiro ideal para terem filhos, sendo o congelamento de óvulos uma solução para que engravidem mais tarde com óvulos jovens.

2. A infertilidade também é um dos motivos da gravidez tardia? 

Sim, pois com o passar dos anos há uma perda progressiva da quantidade e da qualidade dos óvulos, o que leva à redução da taxa de gravidez e, consequentemente, infertilidade.

3. "Passei dos 35. Não dá mais para engravidar!" Mito ou verdade?

Mito. Após os 35 anos, a taxa de gravidez diminui progressivamente, mas não é impossível engravidar! O alerta é que esse projeto seja priorizado!

4. Quais as chances e possibilidades?

A taxa de gravidez natural mensal com idade feminina em torno de 30 anos é de cerca de 25% e no tratamento de Fertilização in vitro é de cerca de 50%. 

Quanto mais avançada a idade feminina menores são essas taxas e maior é a taxa de abortamento e risco de síndromes genéticas fetais.

5. Quais os principais cuidados para a gravidez após os 35 anos?

Após os 35 anos, a gestação é considerada de risco e a gestante deve realizar um pré natal rigoroso, com obstetra especializado, realizar controle do peso, dieta adequada e suplementação, para minimizar complicações como hipertensão gestacional, diabetes gestacional e parto prematuro.

6. Como preparar o corpo para a gestação?

Adotando um estilo de vida saudável, com dieta equilibrada, atividade física, evitando hábitos nocivos como etilismo e tabagismo, tendo um adequado padrão de sono e realizando controle do estresse.

7. Qual é o índice de sucesso nas fertilizações in vitro e na gravidez normal?

Depende de alguns fatores como idade, fator de infertilidade e se o embrião foi analisado geneticamente. Abaixo de 35 anos ou em qualquer idade, com embriões biopsiados e saudáveis, a taxa de gravidez no tratamento de Fertilização in vitro é de cerca de 50%.

8 . Quais os principais tabus a serem superados?

Existem muitos tabus acerca da infertilidade. Assumir a própria condição já é uma dificuldade pelo temor do julgamento alheio. Precisar de um tratamento para engravidar afeta o emocional e é indispensável que haja um suporte psicológico ao longo do tratamento. Além disso, existem preconceitos religiosos, que requerem a elaboração do casal.

9. A Ciência está cada vez mais moderna na busca por atender essas demandas?

Sim. Os avanços na área da medicina reprodutiva são exponenciais e técnicas promissoras como inteligência artificial no laboratório de reprodução assistida, reparo do DNA embrionário e útero artificial, tem sido expostas nos congressos da especialidade como soluções para os desafios presentes nesta área.

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