Saúde

Narcolepsia: sono involuntário durante o trabalho e atividades diárias

Distúrbio neurológico não tem cura e tratamento é baseado em medidas comportamentais e medicamentos

Redação Folha Vitória

Foto: Reprodução/Freepik @stefamerpik

A narcolepsia é um distúrbio neurológico raro que provoca sono involuntário em diversas situações do cotidiano, incluindo momentos potencialmente perigosos, como dirigir. 

Este distúrbio pode causar uma vontade excessiva de dormir em qualquer hora ou lugar, além de paralisar o paciente durante o repouso e provocar alucinações durante o sono. A narcolepsia também está associada a episódios temporários de fraqueza muscular, conhecidos como cataplexia.

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Os ataques de sono podem ocorrer várias vezes ao dia, sem controle do indivíduo. Pessoas com narcolepsia podem adormecer durante conversas, refeições ou enquanto dirigem. Após esses cochilos, que podem durar de dez minutos a mais de uma hora, os pacientes geralmente se sentem mais descansados.

Vitor Dmetruk Carvalho, estudante de medicina de 21 anos, foi diagnosticado com narcolepsia aos 15 anos. Ele compartilha que sofreu bullying durante o ensino médio e enfrentou dificuldades para acompanhar as aulas e provas devido às crises de sono. "Perdi várias matérias e provas, mas o pior era não ter a compreensão dos colegas de turma, que sempre faziam brincadeiras de mau gosto comigo", relata.

Causas e diagnóstico

A ciência ainda não compreende completamente os mecanismos que causam todos os casos de narcolepsia. No entanto, evidências sugerem que pessoas com predisposição genética podem desenvolver a condição após a exposição a gatilhos ambientais, como infecções ou vacinações. Esse processo envolve a ativação do sistema imunológico contra neurônios específicos no hipotálamo lateral, responsáveis pela produção de hipocretina, uma substância que promove o despertar e a estabilidade do sono.

Tratamento

Não há cura para a narcolepsia. O tratamento foca em controlar os sintomas, principalmente a sonolência excessiva durante o dia, através de medicamentos estimulantes e antidepressivos. Medidas comportamentais, como manter uma boa higiene do sono e programar cochilos curtos ao longo do dia, também são essenciais para gerenciar a condição.

Segundo o neurologista Lúcio Huebra, o tratamento completo disponível no Brasil não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou por convênios médicos. "As medicações são de alto custo, o que dificulta o tratamento adequado no país, especialmente nas doses necessárias para um manejo eficaz", explica.

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Viver com narcolepsia

Vitor Dmetruk Carvalho continua a enfrentar crises de sono diárias, mesmo seguindo o tratamento e as orientações médicas. "Essa rotina afeta principalmente os meus estudos e as relações sociais. Depois de cada crise de sono, fico muito triste. Quanto mais crises eu tenho, mais triste fico. É um ciclo que se retroalimenta", desabafa.

No entanto, ele destaca a importância do apoio de professores e colegas de faculdade que compreendem sua condição. "Consegui me cercar de mais pessoas que entendem e demonstram empatia em relação às minhas dificuldades e necessidades. Essa rede de apoio faz muita diferença na minha vida", conclui.

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