Saúde

Cerca de 19,8% da população está obesa e problema não é abordado como doença

Entre os impactos que o excesso de peso pode causar, o efeito sanfona se mostra tão ameaçador para a saúde quanto a hipertensão e o diabetes

Foto: Divulgação
Porcentagem de pessoas que podem sofrer ser afetados pela epidemia chega a 55,7%. 

Mais da metade dos brasileiros sofre ou sofrerá de uma epidemia, mas o número de pessoas propriamente tratadas é incerto. Apesar de alarmante, a afirmação é verdadeira. A comunidade médica entende e classifica a obesidade como um fator de risco para doenças crônicas, muito embora haja um consenso sobre a melhor forma de tratá-la, o mesmo é pouco conhecido pela população brasileira. 

Como resultado, muitos sofrem com o efeito sanfona (causado pelas diversas tentativas restritivas de emagrecimento) correndo riscos tão grandes quanto os oferecidos pelo excesso de peso.

Recentemente, a atenção ao tema se intensificou com a atualização do número de obesos brasileiros: segundo o Ministério de Saúde, 19,8% dos brasileiros se enquadram nessa classificação. Acrescentando aqueles que têm sobrepeso, a porcentagem de pessoas que podem sofrer ser afetados pela epidemia chega a 55,7%. 

Estamos vivendo um surto de obesidade?

Diferentemente do que se imagina, não vivemos um surto de obesidade. Embora o país tenha mantido a porcentagem de obesos estável nos últimos três anos, o aumento desse número teve causas contínuas. Diz-se causas, no plural, porque ao contrário dos surtos de dengue – provocada por um vírus – por exemplo, a obesidade é multifatorial e pode ter origem em transtornos psicológicos (como a compulsão alimentar), até hábitos cotidianos (como optar pelo uso do elevador e comer fast food).

"Esses vários fatores que provocam o ganho de peso demonstraram a necessidade de uma observação multidisciplinar do obeso", explica o Nutricionista do Vigilantes do Peso, Matheus Motta. "Ainda é muito comum e até normal que haja a relação da obesidade com a preguiça ou falta de vontade. É muito mais fácil colocar a culpa na pessoa quando, na verdade, a abordagem correta requer muito mais estudo e aprofundamento nos hábitos de vida, questões psicológicas e até sociais daquela pessoa".

E como combater um quadro preocupante no mundo todo?

"Em primeiro lugar, precisamos identificar as causas desse quadro. Logo em seguida, controlar cada uma delas de forma efetiva. Quando falamos em obesidade, não falamos em cura. Prega-se o controle dos fatores que influenciam diretamente no ganho de peso", comenta o especialista.

Observando os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, é possível notar que o perfil alimentar dos brasileiros tem melhorado. O consumo de frutas e hortaliças, por exemplo, aumentou, enquanto o de bebidas açucaradas diminuiu. Essa constatação aponta para a relevância de fatores como a prática de atividades físicas e das questões psicológicas atreladas a doença. "A melhora da alimentação é importante, sim. Tão importante quanto o acompanhamento psicológico para aqueles que sofrem de compulsão alimentar. A experiência dos Vigilantes do Peso é um exemplo de como mudar a relação com a comida é crucial para o sucesso do controle da obesidade e sobrepeso", complementa Matheus.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada oito adultos em todo o mundo é obeso. A obesidade está diretamente relacionada a doenças crônicas como o diabetes e hipertensão, por isso tal crescimento acende o alerta do governo brasileiro, que tinha como meta deter o crescimento da obesidade até 2019. 

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