Como as queimadas podem prejudicar a saúde?
Diversas partículas químicas se misturam com o ar e, ao serem inaladas, percorrem todo o sistema respiratório do organismo humano
Uma análise técnica feita pelo Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (Ipam) aponta que o número de focos de queimadas neste ano já é 60% superior à média dos últimos três anos. E a principal causa? O avanço do desmatamento. Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, além de Bolívia e Paraguai, são as principais regiões atingidas pelas queimadas na Amazônia.
Além do desastre ecológico, do ponto de vista médico, a saúde humana sofre um grande dano, porque a inalação de fumaça é extremamente tóxica para o organismo.
Diversas partículas químicas se misturam com o ar e, ao serem inaladas, percorrem todo o sistema respiratório. Além disso, elas conseguem ultrapassar o tecido que reveste os órgãos internos, podendo atingir pulmões e até mesmo chegar à corrente sanguínea.
No mais grave dos casos, dependendo da quantidade inalada, as toxinas podem até mesmo causar a morte, devido à presença de monóxido de carbono – gás tóxico que impede o transporte de oxigênio para células do corpo – na fumaça.
Consequências da inalação da fumaça:
- Falta de ar
- Tosse seca
- Ardência nos olhos e garganta
- Dificuldade de respirar
- Cefaleia
- Irritação ocular
- Dermatite
- Doenças respiratórias
Uma das consequências mais graves, que atinge principalmente idosos e crianças, é a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Segundo a Associação Brasileira de Portadores de DPOC, em dois anos a enfermidade será a terceira causa de mortes no mundo.
“Apesar da doença não ter cura definitiva, os tratamentos existentes hoje são muito eficazes para melhorar a falta de ar, diminuir o número de crises e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. O tratamento deve ser realizado por medicações inalatórias, preferencialmente. Para isso, o médico escolherá qual o melhor medicamento para ser usado e também qual o melhor tipo de dispositivo inalatório (bombinha) para cada paciente. Portanto, o tratamento será individualizado para que o paciente use a medicação corretamente”, revela o pneumologista Oliver Nascimento.
De acordo com Mauro Gomes, diretor da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia, pessoas acometidas pela DPOC são afetadas na realização de atividades simples, tendo dificuldade para cozinhar, subir um lance de escada ou passear com o cachorro.