Ver uma família nascer. Foi essa a frase utilizada pela enfermeira obstetra Clarice Santos, de 37 anos, para definir o cotidiano da profissão. Um ofício tão delicado que acompanha o momento mais importante da vida: o nascimento.
Com 12 anos atuando na área, Clarice criou laços fortes com várias mamães e participou de incontáveis partos: na casa das pacientes que escolheram parto normal; na sala de cirurgia para quem optou pela cesárea; e até dentro do carro, quando o bebê não aguenta mais esperar!
“Em fevereiro, teve uma paciente que me ligou desesperada porque a bolsa tinha estourado. Coincidentemente, eu estava no meu carro, subindo a Terceira Ponte, em Vila Velha, bem atrás do carro dessa paciente. Tivemos que parar, às pressas, para eu avaliar no meio do trânsito. Chamamos o Samu e ela chegou no hospital já parindo a criança”, contou.
“Foi coisa de Deus”, relembra Clarice. As mãos, a atenção e a paixão da enfermeira obstetra não deixam mentir. Ver o nascimento de um bebê marca, também, o nascimento de uma mãe, pai, avó, avô, tios, tias… é uma família inteira que nasce ao som daquele choro agudo de um bebezinho que acabou que chegar ao mundo.
Enfermeira diz que sonho se tornou realidade
O que, para muitos, é apenas uma profissão, Clarice chama de privilégio. Ser enfermeira obstetra era um sonho que se tornou a realidade de todos os dias. É a magia acontecendo no cotidiano de Clarice, com inúmeras mulheres depositando confiança em seu trabalho.
“A oportunidade de estar ali fazendo parte do momento único que é ser mãe, é uma benção. Eu crio com vínculo com cada família, que deposita confiança em mim. Eu me sinto privilegiada. Realizo o sonho da minha profissão desde que me formei”, disse.
Em casa ou no hospital: o trabalho de empatia com as mães
Atualmente, Clarice trabalha na Maternidade Unimed Vitória, mas também atende famílias de forma particular. Para aquelas que escolhem o parto normal, o trabalho começa na casa das mamães.
Clarice vai preparada para prestar toda a assistência, fazendo exercícios, com métodos de alívio das dores, avaliando os sinais vitais da criança e da mãe. Tudo para tornar o momento ainda mais especial e cheio de memórias boas.
Já no hospital, trabalha de plantão, prestando assistência para as pacientes que chegam na sala de cirurgia. São vários detalhes: ajuda na primeira amamentação, avaliação no pós-parto e orientações para as puérperas.
Clarice é o anjo que as mamães e papais de primeira viagem precisam para não se desesperarem – se é que é possível – com a vinda de um novo ser humano pequeninho.
“É um trabalho de muita empatia, é o que precisamos na área da saúde. Eu preciso me atualizar sempre. O trabalho exige resiliência para lidar com situações intensas, responsabilidade na tomada de decisões e resistência para enfrentar longas jornadas e plantões noturnos”, afirmou.
Pelas mulheres, como mãe e enfermeira
Sendo mãe, Clarice também se vê nas mulheres que são suas pacientes. Ela é casada e tem uma filha de nove anos. Sem empatia, amor ou uma rede de apoio, o trabalho não seria o mesmo.
“Graças a Deus tenho uma excelente rede de apoio que me ajuda muito. Sem minha família nada seria possível!”, contou.
Quando envolve amor, o cansaço é só um detalhe. Ver o nascimento de uma família é a recompensa de todos os dias.
E Clarice faz questão de influenciar outras mulheres que querem seguir a área. O recado é simples: “Acreditem em si mesmas, confiem no próprio potencial, busquem conhecimento e cultivem a empatia”, finalizou.