Cuidados com a Covid-19: eventuais ou permanentes?
A história da Ciência é um universo que me fascina. Passeando pelos séculos, encontramos várias personalidades que de certa forma mudaram o pensamento sobre o Universo e a prática da Ciência; de Copérnico à Marie Curie e Oswaldo Cruz, do átomo às organelas complexas e membranosas das células, do fogo aos enérgicos elementos estruturais e transmissores.
No início deste ano, permiti-me relembrar a história e os feitos do médico britânico Alexander Fleming.
Alexander nasceu em Lochfield, no Reino Unido, no fim do século XIX. Formou-se na Escola de Medicina do Hospital Saint-Mary, em Londres e em 1928, como professor do colégio de cirurgiões, pesquisando a bactéria Staphylococcus aureus para encontrar um modo de diminuírem as potentes infecções, acidentalmente observou o comportamento de um fungo, espécie Penicillium notatum, em contato com as bactérias.
A humanidade, felizmente, presenciou uma das descobertas mais fantásticas e prósperas da Ciência, o antibiótico, no caso específico, a penicilina.
Relembrei-me, também, de um simples experimento que pode ser feito em sala de aula ou mesmo em casa. Inúmeras plaquinhas de Petri preenchidas com gelatina incolor – em substituição ao ágar – e contaminações feitas com as próprias mãos em maçanetas, teclados, mouses e outros objetos compartilháveis pela coletividade.
O resultado aos nossos curiosos olhos foi um mosaico de cores como o verde, o branco, o vermelho e alguns pontinhos mais escuros, uns mais e outros menos presentes na placa, demonstrando o mundo micro coexistindo com o nosso, o macro.
Por qual motivo essas lembranças sobrevoaram meus pensamentos? Fomos informados, recentemente, sobre o fim do caráter emergencial da covid-19, informação dada e publicada nos diversos meios midiáticos a partir da fonte Organização Mundial de Saúde (OMS).
A decisão baseou-se no declínio das hospitalizações e internações em unidades de terapia intensiva-diminuindo os impactos no sistema de saúde- e aos altos níveis de imunidade da população ao SARS-CoV-2.
O encerramento da emergência de saúde pública de importância internacional representa o fim da pandemia e dos cuidados relacionados à transmissão do vírus? Não!
A doença causada pelo Sars-Cov-2 dissemina-se, ainda, em escala global, afeta vários continentes e impacta no número de mortes e hospitalizações. O vírus continua sendo transmitido de pessoa a pessoa ou indiretamente por meio de superfícies contaminadas- e investe-se, ainda, do caráter pandêmico e global. Por isso, levanto- opiniões particulares- alguns pontos que ainda necessitam de ser pensados pela sociedade política e científica. São eles:
As campanhas e políticas de conscientização sobre a higienização correta das mãos devem persistir. Sabe-se que esta prática é responsável pela prevenção de inúmeras doenças, além da Covid-19, como gripes e resfriados, infecções respiratórias e outras.
Não devemos esmorecer ou enfraquecer o consciente coletivo criado na pandemia sobre a higienização das mãos para a redução do risco de transmissão. Para isso, são necessários espaços para a higienização devidamente equipados.
Reforço, também, a continuidade dos dispositivos com álcool 70% nos diversos estabelecimentos de uso coletivo, como restaurantes, escolas, centros comerciais e outros. A disponibilidade e acesso são fundamentais para consagrarmos salutares hábitos adquiridos durante a pandemia.
O uso de máscaras pelo público deve ainda ser recomendado para pessoas com sintomas gripais, como tosses, dores na garganta, espirros e outros, principalmente quando em espaços fechados.
Podemos diminuir os riscos de transmissão do vírus da Covid-19 e de outros agentes patogênicos relacionados. Reitero a importância da manutenção das campanhas de vacinação para a saúde da coletividade e a manutenção de cuidados específicos para a população suscetível.
Ademais, olhares sempre atentos para as populações vulneráveis dependentes de esforços estruturais e humanos e, também, de tecnologias e insumos de saúde, como vacinas, medicamentos e profissionais de saúde.
Enfim, os ensinamentos em saúde não devem ser pontuais e passageiros, apenas. Quando os internalizamos como bons hábitos, tornam-se pertencentes às nossas rotinas. Atitudes individuais e coletivas impactam na saúde global. Práticas eficientes, simples e não onerosas ao sistema de saúde são fundamentais para a sociedade e precisam de ser, sempre, retroalimentadas. A pergunta que fica: estaremos preparados para a próxima pandemia?
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