Fake news na odontologia: porque as redes estão cheias delas?
Os influenciadores digitais, “coachs” de comportamento e saúde estão entre aqueles que mais compartilham informações na internet e representam 15% dos usuários das redes sociais.
Agora pasmem: esses 15% são os responsáveis por 30 a 40% das notícias falsas que circulam nas redes. Esta pesquisa foi feita na Universidade Southern Califórnia com 2.476 usuários entre 18 e 89 anos, foi publicada na conceituada revista “Proceedings of the National Academy of Sciences”.
Nesse estudo, foi observado que o principal motivo para uma pessoa criar e compartilhar notícias falsas, foi atrair a atenção das pessoas para o seu perfil nas redes. Os compartilhadores de notícias falsas querem popularidade e protagonismo para se sentirem admirados, o que derruba o que quase todos acreditávamos que eram os três motivos das “fake news”:
1)desinformação do usuário, 2) falta de habilidade para um pensamento crítico e 3) crença política distorcida.
O problema é que as plataformas recompensam (inclusive financeiramente) a popularidade do usuário que compartilha mais informações. Quem vive das redes é meio que impelido pelo algoritmo a produzir e produzir para que possa ser visto e rentabilizar. Portanto, se ele não tem conteúdo, muitas vezes ele pode se sentir seduzido a inventar. Além disso, é fato que os “influencers’ fazem “publi” de tratamentos que não fazem, de lugares que não frequentam, de dicas que não aplicam na sua vida.
O estudo da Universidade Southern Califórnia mostrou que os usuários mais frequentes e habituais encaminham mais notícias falsas do que os usuários ocasionais, além disso, a pesquisa sugere que as pessoas que compartilham notícias falsas podem ser pessoas mais insensíveis com o próximo. Uma pesquisa anterior da Universidade de Cambridge havia revelado que as pessoas mais velhas detectam mais facilmente as notícias falsas, do que os mais jovens, que podem, portanto, ser alvos mais fáceis ou frequentes desses diagnósticos e tratamentos mirabolantes e sem respaldo.
E por que devemos insistir na responsabilização dos profissionais que divulgam conceitos errados? Em PROL DOS PACIENTES. As pessoas leigas podem ser facilmente enganadas por esses conceitos e colocar sua saúde em sério risco, investir altas somas de dinheiro em tratamentos ineficazes que nunca sequer foram testados ou comprovados. Muitas vezes crianças, idosos, pessoas debilitadas são expostas a exames e procedimentos desnecessários que podem inclusive piorar o quadro de saúde delas.
Outro estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Oxford revelou que mais de 85% dos sites de grupos que propagam fake news e desinformação sobre saúde analisados realizam alguma tentativa de obter dinheiro de seus usuários, usando principalmente a raiva como argumento para sensibilizar potenciais clientes.
Temos a tendência de querer resolver nossos problemas e questões que nos afligem de formas milagrosas, em especial quando temos algo muito desafiador ou estamos com poucas esperanças. Quem nunca viu anúncios, tipo: “os médicos não querem que você saiba…” ou “os dentistas sempre esconderam isso de você…” Ou ainda “esse resultado vejo toda hora aqui com meus pacientes…”
Portanto, se algum perfil se comunicar com você dessa forma, peça o trabalho científico em que tal terapia ou tratamento foi comprovado, publicado, sugerido de fazer qualquer tipo de intervenção. Já passamos da idade média para fazer testes e laboratórios em pessoas, criando falsas expectativas e colocando a saúde delas em risco. Fique atento, proteja sua saúde e a saúde de quem você ama.
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