A ecologia das arboviroses e os impactos na saúde pública
A interação ecológica entre os seres humanos e os ecossistemas (meios naturais caracterizados) configura-se como tema importante e atual para debates, congressos e seminários regionais e globais, palestras e pauta de discursos oficiais e não-oficiais espalhados pelo mundo afora. Períodos de temperaturas exorbitantes, chuvas volumosas, despejos sem precedentes de resíduos nas ruas- sem bios(segurança)- e meios naturais invadidos com intensidade voraz, descaso e descuido são fatores perigosos e tornam-se potencialmente agressivos, desencadeando rapidamente as condições necessárias para a replicação dos insetos vetores-transmissores- e dos agentes patogênicos (causadores de doenças).
Destaco, hoje, dada a relevância temática e os impactos causados nos últimos anos, a relação dos arbovírus e dos vetores artrópodes com o ambiente e os resultados desastrosos e impactantes provocados na saúde pública. Arbovírus (arthropod-borne vírus) é um termo usado para designar não somente os vírus disseminados/espalhados por artrópodes vetores, mas também designa a capacidade de replicação viral- em alguma parte do ciclo- no organismo do hospedeiro invertebrado. Alguns exemplos muito comuns em ambiente urbano são os arbovírus causadores da dengue, da zika, da chikungunya e da febre amarela.
Todos esses vírus ameaçam a saúde global e encontram com mais facilidade e agilidade condições de favorecimento ao ciclo epidemiológico viral. Ademais, esses vírus são transmitidos pela picada de insetos hematófagos, ou seja, que se alimentam de sangue. E os insetos-mosquitos- são velhos conhecidos e hóspedes bem acostumados ao casarão tropical, com temperaturas elevadas, presença de água satisfatória para a postura de seus ovos e resíduos (lixo) ofertados aos montes.
Quando ouvimos ou falamos em arboviroses, nos referimos às patologias-doenças- causadas por vírus e transmitidas, principalmente, por insetos vetores, como os famosos mosquitos. Muitas dessas arboviroses são conhecidas por nós, como a dengue, a febre amarela, a zika e chikungunya e seus respectivos vírus causadores. Em Vitória-ES, sentimos o impacto dos casos de dengue no sistema público de saúde, além dos afastamentos laborais, infelizmente.
O que podemos fazer/reforçar diante dos impactos negativos causados pelas arboviroses?
. cuidar para que a ocupação urbana não seja desorganizada, permitindo a construção e o acolhimento de pessoas em áreas seguras e que não invadam as condições/características ecossistêmicas relevantes para inúmeras espécies de agentes infecciosos; – muitos vírus estão em reservatórios naturais, como em animais vertebrados;
. diminuir a emissão de gases do efeito estufa- principalmente o gás carbônico- para não provocarmos aumentos significativos da temperatura global; deparamo-nos, neste ano, com alterações climáticas severas e termômetros batendo a casa dos 40 graus Celsius; para diminuirmos, é imprescindível evitarmos as queimadas e os desmatamentos e investirmos em tecnologias sustentáveis;
. re(forçar) as políticas sanitárias/epidemiológicas nas fronteiras intercontinentais globalizadas e ultrapassadas com facilidade;
. assistir/dar assistência as populações mais vulneráveis com ações de saneamento básico, como água tratada, coleta e tratamento de esgoto, controle de pragas e outros serviços sanitários relevantes para o cidadão, além de estruturas, materiais e tecnologia em saúde;
. zelar/preservar pelo meio em que vivemos.
Temos, portanto, ações coletivas e individuais importantes que objetivam a diminuição das ocorrências desagradáveis e impactantes envolvendo os arbovírus e as arboviroses, na perspectiva de construirmos relações ecológicas harmônicas.
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