Você sabia que chorar faz bem e é necessário para a saúde mental?

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Angela Camargo

Quantas vezes você já falou, ouviu alguém falar isso ou engoliu o próprio choro? Por mais que nossos pais tenham nos ensinado que temos que controlar nossas emoções e isso tem algum sentido, dependendo do momento, não sentir ou reprimir emoções pode ser prejudicial para nós.

Nascemos sentindo tudo e todos ao nosso redor. Repare o comportamento de um bebê de três meses por exemplo, ele observa tudo que seus olhos podem alcançar, seu quarto, a luz, as pessoas, a textura das roupas que o toca, os brinquedos a ele ofertado. É capaz de passar longos minutos olhando sua chupeta, rodando, colocando na boca, tirando, olhando novamente.

Chora quando tem fome, quando está frio, quando sente algum desconforto, sorri quando está alegre e assim ele vai sentindo e desenvolvendo suas emoções.

Todo o ser humano é dotado de uma série de emoções básicas, que existem e são transmitidas de de pais para filhos em razão de sua utilidade para a sobrevivência. As nossas emoções nos fazem sobreviver, evitam que corramos perigo, que escolhamos algo prejudicial à saúde, nos fazem querer nos reproduzirmos, descansarmos, nos alimentarmos e etc. Assim, toda emoção possui funções e agrega ao nosso organismo. Pensando nisto, suprimir qualquer uma das emoções básicas é algo prejudicial, pois elas são essenciais para a nossa sobrevivência.

Existem tipos diferentes de sofrimento. Estudiosos categorizam em sofrimento limpo e em sofrimento sujo. O sofrimento limpo é aquele que resulta das experiências de vida de uma pessoa, são parte do seu cotidiano, por exemplo: quando adoecemos, ou perdemos alguém que amamos, ou um emprego que gostamos. Pode também ser pelo fim de um relacionamento amoroso ou de amizade.

O sofrimento sujo é aquele que resulta da tentativa de controlar, evitar, julgar e/ou classificar o sofrimento limpo. Quando a pessoa começa a sofrer, e a mente começa a produzir ideias como, por exemplo, de que aquele sofrimento não irá passar, ou de que aquilo não deveria ter acontecido com ela, se trata do sofrimento sujo agindo.

Ou seja, quando se resiste a determinado sentimento, isso só o tornará maior e se repetirá em sua vida, do outro lado, se você não resistir àquele sentimento e realmente sentir a tristeza, sentir a dor, acolhendo como algo seu que criou de alguma forma para sua vida, assumindo as responsabilidades que lhe cabe sem resistir, o sofrimento irá simplesmente se dissipar e, aos poucos, deixar de ser dolorido, ficando no lugar um acolhimento e aceitação.

Então, esta frase: engole o choro não deve ser pronunciada, o choro tem razão de acontecer, é um desabafo, descarrego de sentimentos a pessoa triste deve chorar e sentir tudo o que aquele sentimento está trazendo à tona. Isso não significa que devemos ser pais permissivos que não ensinamos as crianças sobre comportamento, não é isso que estou me referindo, nem mesmo às crianças eu estou enfatizando e sim o ato de sentir e de reprimir os sentimentos. Este último não deve acontecer.

O sofrimento limpo não pode ser modificado, são situações que ocorrem ao longo de nossas vidas que repercutem em nós e, estar vivo significa relacionarmos com pessoas que geram em nós diferentes emoções. E está tudo bem, acolha tudo com amor e gratidão e uma situação desafiadora passará a ser uma experiência que lhe trará muito aprendizado no lugar de sofrimento.

Assim, quando vier o sofrimento sujo você deve detectá-lo imediatamente para sua mente já trabalhar para não o alimentar, bastando sentir sua emoção, assumindo a parte que lhe cabe sobre aquela situação e verá como seus sentimentos deixarão de te causar sofrimento.

Vamos assim voltar à essência da qual aprendemos ao nascer que é o sentir? Se assim fizermos viveremos o momento presente atentos a tudo e todos, sentindo tudo da vida, tanto as coisas agradáveis quanto as desafiadoras, recebendo como experiência aquelas que nos trouxeram tristeza sem resistir ou julgar com acolhimento essa parte da nossa história!

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Angela Camargo

Sócia fundadora da 4U – Startup de bem-estar físico e mental. Pós-Graduada em Neurociências e Comportamento pela PUC-RS. Doutoranda pela PUC SP. Master e Licenciada pela StarEdge dos cursos Avatar de autoconhecimento e desenvolvimento pessoal no Brasil e nos EUA. Advogada Tributarista e Mestre em Garantias e Direitos Fundamentais. Prof. de cursos profissionalizantes sobre comportamento, empreendedorismo jurídico e inteligência emocional. @4uinteligenciaemocional