Problemas: por que uns tem tantos e os outros não?

Todas as pessoas do mundo passam por problemas durante suas vidas, o que muda são os tipos e gravidade. Financeiros, de saúde, de relacionamentos amorosos, de baixa autoestima, no trabalho, na família, nas amizades, enfim, são incontáveis os problemas que uma pessoa pode enfrentar em uma vida.

Então, se todas as pessoas passam por problemas, o que faz uma pessoa parecer ter uma vida melhor que a minha?

É exatamente isso que eu perguntei, parecer ser melhor, poque não significa que o que eu acho de alguém seja real. Cada um de nós temos em nossas mentes uma ideia de como é ser o outro, ter aquele marido ou esposa, aqueles filhos, aquele emprego, morar naquela casa, mas ninguém ao certo sabe o que é ser outra pessoa, enfrentar os problemas que só a própria pessoa enfrenta, lutar a luta que ela escolhe todos os dias de sua vida, viver os sacrifícios que ela vive, as renúncias e trabalhar como a pessoa trabalha. Uma pessoa é um pacote, são os ônus e os bônus, defeitos e qualidades.

Cada um de nós temos nossos pontos fortes e fraquezas, nosso lado luz e nosso lado sombra, temos que viver procurando sempre melhorar nosso lado luz, do bem e diminuir o lado sombra, sempre vigilantes aos nossos defeitos, assim como aceitar o outro também como um ser em evolução que também passa por suas lutas, mas quando vemos a vida pelas redes sociais ou não conhecemos de verdade alguém, podemos ter a falsa ilusão de que a vida dela é perfeita. Ninguém tem uma vida perfeita. Olhe para a sua e reconheça tantas bençãos recebidas e pense que para outras pessoas você é que tem a vida perfeita.

A verdade é que nos prendemos muito em saber do outro, conversar sobre o outro quando, na verdade, deveríamos pensar em nós, em nossos problemas e em nossas vidas. Como resolver nossas questões, assumir responsabilidades sobre nossas atitudes, isso, sim, é capaz de mudar algo.

Então, para responder à pergunta do início de como para alguém parece tudo tão fácil, eu respondo agora: a neurociência fala que tal expertise se denomina flexibilidade psicológica.

O termo se refere a habilidade que uma pessoa tem de se adaptar a uma variedade de demandas e situações, quando isto for útil e necessário, visando viver uma vida significativa. Entre os benefícios, a flexibilidade psicológica reduz o estresse e potencializa o bem-estar.

Vamos pensar em um exemplo. A pandemia. Por que alguns sofreram tanto e outros passaram pelo isolamento sem grandes traumas? Pessoas que passaram de uma forma mais leve simplesmente possuem flexibilidade psicológica. Ou seja, conseguem ver algo positivo até mesmo nas situações mais desafiadoras.

É isso! A forma de enxergar determinada situação difícil (pelo olhar julgador de uma pessoa normal) deve ser como uma situação desafiadora. Sente como tem poder o nome que damos para algo: “impossível” para “desafiador”. A forma pela qual você mesmo define algo, etiqueta determinada situação tem o poder de modificá-la e de modificar a você mesmo com relação a esta situação. Se ao analisar uma situação você etiqueta como “impossível”, como você acha que seu cérebro vai reagir a este comando?

Ora, se é impossível e você mesmo acha isso, seu cérebro vai entender que você não é capaz de conseguir aquilo. Da mesma maneira, se seu pensamento for: isso é desafiador, seu cérebro vai entender que você acha que existe uma dificuldade, mas que é possível de você conseguir, então será este sinal que ele espalhará pelo seu corpo, você terá mais foco, enfim mudanças acontecerão para que você consiga aquilo.

Usando esse raciocínio, vamos a um exemplo: pessoas que foram felizes durante a pandemia mesmo com o isolamento foram aquelas que conseguiam etiquetar com algo positivo: “período no qual me dedicarei a casa, marido e filhos sem ter que sair de casa para trabalhar”, ou “gratidão por eu ter vencido a Covid”, ou seja, por mais que a pessoa tenha passado dificuldade ela enxergou e focou no ponto positivo de viver aquela situação.

Sabe por que isso acontece? Porque por mais que uma situação esteja ruim, ela sempre pode piorar, sempre! Então, se conseguir ver o lado positivo, se sentir bem por estar em suas casas, protegidas, com seus filhos, ou com saúde, ainda que sozinho, com emprego, ainda que doente. Enfim, sempre existirá algo que poderia estar pior e enxergar o lado bom é ter flexibilidade psicológica.

Encontrar o lado bom te trará bem-estar e reduzirá o estresse na sua vida, te permitirá achar soluções mais rápidas para as situações desafiadoras e certamente fará bem para todos a sua volta, contribuindo para sua saúde mental. Que tal aproveitar o ano novo e experimentar este novo olhar sobre sua vida?

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