Mudança de escola? Dicas para ajudar as crianças na adapatação

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Psi. Renata Bedran

O começo do ano letivo pode ser um verdadeiro desafio para as famílias que precisaram mudar os filhos de escola, algumas vezes por uma passagem de fase escolar ou outras vezes por uma mudança de endereço.

As mudanças geram ansiedades e preocupações transitórias, não só nas crianças e jovens, mas também nos adultos. A principal explicação é que estamos indo rumo a algo que ainda não conhecemos, e isso nos coloca em estado de insegurança e alerta. Muitas vezes, essa mudança não gera apenas insegurança dos estudantes com questões acadêmicas, mas sim com a área social.

Afinal, as crianças ou jovens já estavam acostumados na instituição anterior e tinham estabelecido os seus vínculos. O medo de não conseguir se adaptar é bastante natural.

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Conforme a neurociência, as mudanças geram até mesmo desconfortos físicos, porque ativam o córtex pré-frontal, área que está ligada ao centro emocional do cérebro, e que tem controle das nossas respostas às emoções e às decisões. O córtex pré-frontal trata de vários problemas ao mesmo tempo, mas também tem o seu limite, e ao chegar neste ponto pode surgir o desconforto. As incertezas trazidas pelas mudanças podem gerar até uma sensação de fadiga.

Por isso, não é incomum perceber uma postura mais rebelde em jovens que necessitam fazer essa mudança escolar, algumas vezes, manifestando até raiva, que é uma típica reação estimulada pelo córtex pré-frontal, que ainda está sendo desenvolvido nas faixas etárias mais jovens. Quando adultos, é possível lidar um pouco melhor com essas emoções.

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Mas, se é fato que mudar gera estresse, também é fato que esse desconforto inicial pode ser superado, especialmente, devido à neuroplasticidade do cérebro, que é a capacidade dele de se reprogramar, com base em emoções, experiências e comportamento.

O cérebro tem cerca de 100 bilhões de neurônios, mas tem capacidade de formar mais neurônios, o quanto for necessário para a plasticidade funcional ou a plasticidade estrutural, essa última, está estreitamente ligada ao aprendizado. Assim, a neuroplasticidade cerebral traz benefícios como:

– Capacidade de aprender coisas novas;
– Capacidade de melhorar a cognição;
– Melhorias que podem aumentar as aptidões cerebrais em diversos aspectos, como os socioemocionais.

A partir do desenvolvimento de novas redes neurais, será bastante possível que o estudante supere esse momento inicial de insegurança e ansiedade, assim que conseguir estabelecer familiaridade e novos vínculos.

As mudanças fazem parte da vida, os filhos vão enfrentá-las em diversos momentos, e o melhor de tudo, é que muitas vezes essas mudanças são fundamentais para a evolução de um ser humano. Aqui, segue dicas do que os responsáveis podem fazer para aliviar essas sensações em seus filhos diante de uma mudança de colégio:

– Passe segurança (pais seguros deixam os filhos seguros);
– Acolher e validar o sentimento do filho (demonstre que entende o que ele está passando, e diga que é normal estar ansioso com mudanças);
– Conheça a nova escola antes do filho ingressar (Assim, a criança pode avaliar o novo ambiente e começar a estabelecer uma familiaridade com a equipe);

– Explique a rotina do novo colégio;
– Mostre os aspectos positivos da mudança;
– Esteja presente em todo o processo de adaptação;
– Mantenha e estimule o contato com os amigos da antiga escola;
– Incentive a fazer novas amizades;
– Matricule em atividades extra-curriculares (isso amplia o social);
– Acompanhe a criança no dia-a-dia.

Se o seu filho ainda manifestar a falta da escola antiga, demonstre empatia e entenda que esse sentimento vai amenizar com o tempo. Mas, além disso, para que ele minimize um pouco essa saudade, estimule que continue mantendo contato com as pessoas que fizeram parte de sua vida. Atualmente, a tecnologia favorece amplamente a manutenção desses vínculos, mesmo a distância. E lembre-se que esse estresse inicial será superado.

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Psi. Renata Bedran

Psicóloga Clínica e Educadora Parental em Disciplina Positiva. Certificada em Disciplina Positiva pela DPA-USA. Graduada em publicidade e marketing pela Emerson College, Boston, USA. Pós graduada em Psicologia Hospitalar e Pós graduada em Educação Positiva. Trabalha orientando os pais de crianças da primeira infância em como educar os filhos com respeito e empatia. Atua também como psicóloga infantil. @psi.renatabedran