Otosclerose: doença pode levar à perda auditiva?
Recentemente muito se falou sobre a otosclerose, após uma celebridade declarar que tem a doença. Diferentemente do que o nome sugere, essa doença acomete indivíduos jovens, levando a uma perda auditiva.
A alteração afeta a orelha média, mais especificamente o estribo, parte da cadeia ossicular, responsável pela transmissão das ondas sonoras do ambiente para a orelha interna.
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A doença é caracterizada pelo crescimento anormal de tecido ósseo ao redor do estribo, o menor osso do corpo humano, que impede a correta movimentação desse ossículo na janela oval e, consequentemente, prejudica a condução do som, levando à perda auditiva.
Para compreender como a otosclerose impacta a audição, é importante entender o funcionamento básico do sistema auditivo. O ouvido é composto por três partes: a orelha externa, média e interna.
A orelha externa é responsável por captar o som e direcioná-lo para o tímpano. Na orelha média, as vibrações sonoras fazem o tímpano vibrar, o que, por sua vez, movimenta uma cadeia de três pequenos ossos, chamados ossículos: o martelo, a bigorna e o estribo.
O papel dos ossículos é amplificar as vibrações sonoras e transmiti-las para o ouvido interno, onde essas vibrações são transformadas em impulsos nervosos e enviados para o cérebro, que os interpreta como som.
Quando o estribo não consegue se mover adequadamente devido ao crescimento ósseo anormal, esse processo é prejudicado, resultando em perda auditiva, pois o som não é transmitido de maneira eficiente ao ouvido interno.
A causa exata da otosclerose ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que haja uma combinação de vários fatores, entre eles uma predisposição genética, sendo considerada uma condição hereditária em muitos casos. Aproximadamente metade dos pacientes com otosclerose tem um histórico familiar da doença.
Além disso, fatores hormonais parecem desempenhar um papel importante. A doença é mais comum em mulheres, especialmente em idade fértil, o que sugere que os hormônios sexuais podem influenciar seu desenvolvimento. Muitas mulheres relatam uma piora da perda auditiva durante a gravidez, o que reforça a possível ligação hormonal.
O principal sintoma da otosclerose é a perda auditiva progressiva. No início, a perda auditiva pode ser leve e muitas vezes passa despercebida ou é atribuída ao envelhecimento normal.
No entanto, à medida que a doença progride, a perda auditiva torna-se mais pronunciada. A perda de audição causada pela otosclerose é geralmente condutiva, o que significa que o problema está relacionado à condução do som até a orelha interna.
Além da perda auditiva, muitos pacientes relatam zumbido, um som constante ou intermitente que pode variar de intensidade. Esse zumbido, também conhecido como tinnitus, pode ser um dos primeiros sinais da otosclerose e, em alguns casos, pode ser mais incômodo do que a própria perda auditiva.
Em estágios avançados da doença, a perda auditiva pode se agravar mais, com extensão da doença para a orelha interna. Embora a otosclerose geralmente afete ambos os ouvidos, pode começar em apenas um e, posteriormente, progredir para o outro.
O diagnóstico da otosclerose é feito com base em uma avaliação clínica completa, que inclui um exame físico e uma série de testes auditivos. Um dos exames mais comuns é a audiometria, que mede a capacidade de ouvir diferentes frequências de som.
Na otosclerose, a audiometria costuma mostrar uma perda auditiva condutiva, indicando que o som não está sendo transmitido corretamente para a orelha interna, que está com sua função preservada. Além disso, exames de imagem, como a tomografia computadorizada, podem ser usados para confirmar o diagnóstico e avaliar o grau de envolvimento ósseo.
O tratamento da otosclerose depende do estágio da doença e da gravidade dos sintomas. Em estágios iniciais, quando a perda auditiva é leve ou mooderada, o uso de aparelhos auditivos pode ser suficiente para melhorar a audição.
No entanto, em muitos casos, a cirurgia é uma opção eficaz de tratamento. A operação consiste na remoção parcial ou total do estribo e sua substituição por uma prótese.
Essa prótese restaura a mobilidade dos ossículos e melhora a transmissão do som, resultando em uma significativa recuperação auditiva. Embora seja considerada uma cirurgia segura e eficaz, como qualquer procedimento cirúrgico, ela apresenta riscos, como infecções e danos ao ouvido interno, que podem causar perda auditiva permanente, piora do zumbido ou vertigem.
Além disso, a cirurgia não é uma cura definitiva, e em alguns casos a otosclerose pode continuar a progredir, levando à necessidade de um novo procedimento no futuro.
O prognóstico para pacientes com otosclerose é geralmente bom, especialmente se o diagnóstico for feito precocemente e o tratamento adequado for iniciado. No entanto, a progressão da doença pode variar de pessoa para pessoa, e em alguns casos, a perda auditiva pode continuar a piorar ao longo do tempo, mesmo após a cirurgia. O acompanhamento regular com um otorrinolaringologista é essencial para monitorar a condição e ajustar o tratamento conforme necessário.
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