Livros nas férias escolares: a importância da leitura para a saúde mental das crianças
Entramos no famoso recesso escolar. Para muitos, férias escolares no meio do ano. As escolas ficam sem o seu mais precioso bem: os alunos. E as famílias recuperam por tempo integral suas joias raras: os filhos. Escolas vazias e casas cheias. Como pais, temos de organizar o tempo com os filhos em brincadeiras, esportes, jogos e, também, em muitas leituras. Em uma das inúmeras situações vivenciadas na minha casa- o dia aqui parece ter 28 horas- Antonio, meu filho mais velho (beirando os 7 anos), confidenciou-me, por quase 5 horas, que gostaria (quase uma obrigação) de ganhar um dicionário. Adoro dicionários e são ótimas companhias para as nossas leituras. Que surpresa boa!
Comprar um dicionário para meu filho. Não eram cartas coloridas e prodigiosas do Pokemon, não era o Naruto e nem um game de algumas cifras de reais. Agora, Antonio queria um simples instrumento de consulta e valioso na aquisição e apreensão de palavras da nossa língua vernácula. Fomos até à loja e compramos o dicionário, aliás, adquirimos mais algumas ferramentas para o desenvolvimento da linguagem, da escrita e do conhecimento, como um dicionário inglês-português, alguns lápis, apontadores, borrachas e blocos. Sair com o Antonio sempre me traz alguns dígitos a mais na conta derradeira. Extasiado, mostrou para a mamãe, para a vovó e para o primo de São Paulo sua mais nova aquisição. Estava feliz e radiante, como se o mundo estivesse muito próximo das suas mãos e de seus pensamentos. Antonio possui maturidade em estágio inicial para saber que a leitura e o conhecimento transportam as pessoas para quaisquer lugares do mundo, físicos ou não. Quando me sento à mesa para estudar, ler ou escrever, aproximam-se Antonio-com seus livros e o dicionário- e Joaquim, com seus lápis de cores, canetinhas que riscam até o imaginário e seu caderno de relatos, observações e desenhos típicos de uma criança de 3 anos. O núcleo familiar à disposição do conhecimento. O conhecimento à disposição da família e o mundo se abrindo para nossas viagens e devaneios, cada qual com suas narrativas, cores e modos peculiares de se enxergá-lo. Excelente! Pensar para escrever. Pesquisar pensando em escrever. Ouvir Brahms para abrir os pensamentos para ler e escrever. O nosso cérebro não para. Nossa mente em constante modo de ativação e ação ativa. Ela-a leitura- provoca a manutenção das funções cerebrais, exercita a imaginação, a memorização e a aprendizagem; mais conexões neurais.
“A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar”. É isso mesmo, caro Francisco Buarque de Hollanda, no nosso destino mandar. A leitura e o conhecimento são libertários, provocam e constroem autonomia para não encolhermos e sim escolhermos os melhores-quem sabe- caminhos. Tomar decisões! A leitura nos tira de momentos desgastantes do dia-a-dia. Percebo Antonio mais leve quando pratica a leitura, mais investigativo, curioso e apoderado- por alguns instantes- de letras, sílabas e palavras. Frases. Textos. Diálogos mais consistentes e reflexivos. Criativo. Criação.
Criatividade. Brincadeiras e risos absortos. Desenvolvimento. Coragem e sabedoria para escolher suas histórias de vida. Ainda em tempo, disse ao Antonio que tinha comprado um livro intitulado “O Mosquito: a incrível história do maior predador da humanidade”, de Timothy C. Winegard, uma abordagem histórica desse inseto muito comum em nossas casas. Disse ainda que demoraria um certo tempo para ler, pois, o livro tem cerca de 600 páginas. Mais uma solicitação do Antonio: – pai, quero um livro de 600 páginas. Tratei de pegar na estante um de Biologia. Quando o pegou nas mãos, Antonio olhou para mim e soltou:- é melhor guardá-lo, né papai? Por enquanto, filho!