Pais e filhos: podemos chorar na frente das crianças?
Os pais geralmente escondem as emoções que estão sentindo dos seus filhos no intuito de protegê-los. Muitos não gostam que seus filhos os vejam chorando, tristes ou emocionados. No entanto, é importante que os filhos saibam que os pais também têm emoções, que ficam tristes, felizes, elaboram luto, erram.
Porém, sempre que estiver triste, preocupado ou angustiado na frente do seu filho, esclareça a ele que você está triste sim, mas que não é com ele ou com algo que ele tenha feito. Até mais ou menos os 06 anos, as crianças são autocentradas e concretas, então elas tendem a interpretar que o motivo de qualquer emoção que os pais sintam é culpa delas.
Mostrar que sentimos tristeza, que nós também choramos, não significa que estejamos demonstrando fraqueza, e sim que somos humanos e temos um leque de emoções e que está tudo bem sentir. Quando você demonstra suas emoções para seus filhos, você o autoriza a ser humano também. Eles se sentem autorizados a errar, a ficar triste, até a não se sentirem ameaçados de que deixarão de ser amados quando eles falam de forma mais ríspida com os pais. As gerações anteriores não tiveram educação emocional, e nós quando crianças fomos ensinadas a repreender as emoções e hoje vemos uma enorme quantidade de adultos com depressão e ansiedade.
A mesma lógica serve para quando gritamos ou erramos com os filhos. Ao demonstrar que você também é humano e pedir desculpas por um comportamento que foi inapropriado, você o ensina a como se comportar e a ter compaixão pelos outros e por eles mesmos.
Eu também tenho momentos como mãe em que gritei e eu não me sinto bem por ter feito isso, mas eu sou humana, então erros irão acontecer. Nós, seres humanos, estamos em constante aprendizado. Às vezes acertamos, às vezes erramos, tentamos corrigir nossos erros, erramos de novo, evoluímos. O importante é sempre melhorar a cada dia.
Quando conseguimos tomar conhecimento (perceber) que estamos tendo esses momentos, isso nos ajuda a parar para pensar e ter a oportunidade de refletir no que podemos fazer para melhorar. Quando os sentimentos tomam controle, é difícil manter a calma e às vezes perdemos o controle de nós mesmos. Podemos nessa hora, avisar aos filhos que iremos sair de cena (pode ser ir para outro aposento, entrar no banheiro) a fim de nos acalmarmos. Essa ferramenta é excelente, pois evita que cheguemos ao extremo do nervosismo/raiva e evita que façamos o pior e assim conseguimos voltar a calma.
Caso você tenha explodido, sempre se desculpe e pergunte se seu filho quer um abraço ou se você achar que precisa, peça um. Eu sempre peço desculpas para minha filha quando meu comportamento foi desrespeitoso e mostro que sou responsável por ele, ou seja, não justifico ter gritado porque ela me tirou do sério. No final, sempre nos abraçamos.