Bullying: como identificar, controlar e combater
“Ela me chamou de quatro olhos!” Quem não conhece uma criança que chegou em casa contando triste sobre algum coleguinha de sala ter falado algo negativo para outro? Isso é bullying e ele não poderia ter feito isso!
Esse é um assunto bastante discutido em ambientes escolares e até profissionais, por isso um olhar atento da sociedade deve estar voltado para quem recebe e pratica o bullying, certo de que quem pratica deve ser repreendido e quem recebe deve ser acolhido.
O bullying é então uma ação que a psicologia explica como a prática de atos negativos (violentos) contra alguém, em âmbito físico, psicológico, de forma intencional e reiterada contra alguém. São exemplos o desrespeito ao outro feito insistentemente, assim como a falta de empatia, agressividade, brutalidade, falta de compaixão, deboche gratuito, tudo isso são características de ações que podem ser consideradas prática do bullying.
Agora, convido a você pensar em como isso poderia diminuir se não focássemos na pessoa do agressor (quem merece todas as repreensões cabíveis por esse ato) mas naquele que recebe a agressão.
Eu sou a vítima de bullying. Estou na escola e várias vezes por semana recebo um bilhete com a frase: “Sua burra!” Ou, o agressor fala com violência: “Você é muito feia!” É claro que ninguém gosta de ser chamada de burra, e é bem claro que a pessoa que está chamando a outra de burra está 100% errada já que não se trata de simples brincadeira de mal gosto já que foi com agressividade com a intenção real de machucar a outra pessoa reiteradamente. Isto já estamos cientes, mas a pessoa que recebeu a agressão? O que poderia acontecer para ela não sofrer COM o bullying?
O bullying já aconteceu comigo e eu sofri demais. Conversando sobre este assunto com minhas filhas perguntei se elas já tinham sofrido, e a resposta veio em coro: Não mamãe, eu nunca sofri. Fiquei espantada com aquilo e na hora me veio à mente uma conversa que elas tinham compartilhado dias antes comigo sobre uma colega de sala ter chamado outra da turma delas de chata ou algo parecido reiteradamente.
E na hora me lembrei que quando me contaram sobre esse episódio falaram “Mamãe, se eu fosse a fulana (quem sofreu o bullying) sabe o que eu responderia? E eu, sem saber a resposta, falei: “Não, o que?” E me responderam: “Responderia: Chata é você! Minha mãe me ensinou que quem chama o outro de algo significa que você é quem é! Tudo o que vemos no outro está dentro de nós! Então, você é isso aí que está me chamando”.
Eu fiquei muito feliz com essa resposta e cheguei à conclusão de que elas não sofreram COM o bullying, por tanto na cabecinha delas elas nunca sofreram O bullying porque quem fez com elas teve uma resposta dessa e elas não receberam aquilo para elas, voltou ao outro da mesma forma que veio. Elas não acreditaram naquilo que a pessoa falou e simplesmente concluíram que a outra pessoa que é aquilo de ruim que ela estava falando, estava dentro dela aquele sentimento.
Conversei, contudo que não devemos revidar a violência, mas saber se posicionar e responder com respeito uma fala agressiva do outro é comportamento de quem não aceita que o outro te domine, de quem assume as rédeas da própria vida.
A verdade de quem somos, só nós sabemos, ninguém pode te definir, só você sabe de suas qualidades e defeitos. E, se você quiser pode escolher melhorar um defeito que acha que tem, mas algo falado sobre você não te faz ser aquela pessoa. Então, independentemente do erro do outro você pode decidir não receber e refletir em seu interior “não, eu não sou isso!”
Sair do papel de vítima do sentido de agir para não ficar se sentindo diminuída (o), isso demanda autoestima, valorização da sua pessoa de não se importar com a opinião do outro, se amar e não deixar o outro dizer algo que te descontrole, porque o que o outro fala está com ele, não dê este poder ao outro de te definir.
Se conheça, se cuide, saiba quem você é, pratique gratidão diária por suas qualidades, invista em você para melhora da sua autoestima, consequentemente se tornará mais forte e não dará poder ao outro de te definir, tão pouco assumirá o papel de vítima e será protagonista de sua vida.
Comece com a mudança de seus pensamentos, a neurociência já comprovou que eles modificam seu comportamento, da mesma forma podemos ensinar as crianças a pensarem para agirem de forma diferente, assim, se não conseguimos impedir o outro de agir errado, podemos mudar o nosso mundo para não sofrermos e nem deixarmos nossas crianças serem definidas por alguém que não tem este poder, nos fortalecendo, fortaleceremos nossos crianças!
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