Depois que tive covid meu olfato mudou. O que fazer?
No final de 2019, o mundo conheceu uma doença nova, de sintomas desconhecidos. A COVID-19 teve uma transmissão muito grande pelo planeta e originou a grande pandemia desse século até o momento.
A doença chegou e se alastrou de maneira muito repentina, trazendo quadros clínicos de gravidades variadas, sem um padrão de comportamento definido, levando a morte pacientes jovens, até então saudáveis, por múltiplas complicações, de naturezas completamente diferentes.
A comunidade acadêmica tentou a todo custo entender rapidamente o comportamento da doença, a diversidade de quadro clínico e o padrão de complicações, para tentar minimizar os impactos, que eram, até então, inimagináveis. Também foram realizados vários estudos para tentar definir um tratamento adequado para cada perfil de paciente e cada tipo de manifestação clínica.
A grande maioria dos pacientes apresentavam quadro respiratório viral, que se complicava de maneira muito rápida e grave para uma pneumonia que, muitas vezes, levava o paciente pra UTI por longos períodos, quando não causava a sua morte.
A medida que os tratamentos foram evoluindo e as taxas de cura foram aumentando, começou-se a observar uma infinidade de alterações, que ocorriam e se perpetuavam, naqueles pacientes curados da COVID.
Esse quadro começou a ser denominado síndrome pós COVID, que também tinha apresentações clínicas diversas, em alguns pacientes com resolução espontânea em curto intervalo de tempo e em outros com manifestação prolongada e sem resolução, por longos períodos.
Por se tratar de uma doença nova, ainda em estudo, para entendermos as alterações e os tratamentos mais adequados, ainda são necessários mais estudos, pois pouco se sabe ainda sobre essas alterações mais prolongadas, após a infecção por COVID.
Uma das alterações que prejudica muito a qualidade de vida dos pacientes com síndrome pós COVID é a hiposmia ou a anosmia, que seria a diminuição ou ausência total do olfato, respectivamente.
Alguns pacientes, também apresentam a parosmia, que seria a sensação de cheiro irreal e incompatível com a realidade. Na parosmia, por exemplo, alguns pacientes acordam à noite com a sensação de estar sentindo cheiro de queimado, como se a casa estivesse em chamas. Outros pacientes, não conseguem sentar à mesa para refeição, pois o odor de alguns alimentos provoca sensação de cheiros muito ruins e insuportáveis.
Não podemos imaginar como é o sofrimento de uma pessoa que não sente cheiro nenhum. Isso acarreta também a falta de sensação de sabor dos alimentos, pois grande parte do paladar, deriva da sensação de olfato.
Atualmente, as teses mais aceitas para explicar a alteração de olfato pós COVID referem que há uma alteração nas células sensoriais do bulbo olfatório.
A conduta mais adequada, segundo a literatura médica atual, é o tratamento de inflamações locais da mucosa nasal e o treinamento olfatório, com o estímulo das células sensoriais, através de substâncias com cheiros fortes e marcantes, para estimular a reinervação de conexões das células sensoriais do olfato. Quanto mais precoce iniciarmos essa estimulação, maior a chance de retorno de alguma sensação olfativa, mesmo que parcial.
É extremamente importante que o paciente com alteração de olfato pós COVID seja avaliado por um médico otorrinolaringologista, que poderá identificar a melhor conduta a ser tomada, para tentativa de resolução do quadro, pois a COVID é uma doença ainda a ser entendida e a suas complicações ainda a serem compreendidas. Portanto, estudos são publicados todos os dias sobre novas alternativas de tratamento das sequelas dessa doença.
A alteração de olfato pós COVID pode ser tratada e solucionada parcial ou totalmente. O profissional mais adequado para orientar esse tratamento é o médico otorrinolaringologista.
A recuperação do olfato será determinante para a melhora da qualidade de vida no paciente com síndrome pós COVID.
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