O flúor tem relação com o autismo?
Mais uma informação inverídica que vem sendo veiculada nas redes sociais e que tem gerado muitas dúvidas…Mas da de onde vem isso?
O uso tópico de flúor, ou seja, nas pastas de dente é muito seguro e tem a função mais do que comprovada de prevenir o desenvolvimento de lesões de cárie. A polêmica vem surgindo do uso do flúor na água de abastecimento, ou seja, aquele que está na água que bebemos e que também é muito eficaz no controle da cárie em especial para as populações mais carentes. E o questionamento começou devido ao “fato” da prevalência do autismo ser elevada em regiões com água fluoretada e baixa em países da União Europeia sem água fluoretada. Uma querida professora do meu período de doutorado checou às quatro referências desse “fato” e descobriu que eram todas questionáveis ou falsas e eu vou detalhar aqui para vocês o que eu li e o que eu aprendi com as leituras dela:
1) A primeira “evidência” era um artigo de opinião, ou seja, o “achismo” de um autor sem nenhuma comprovação científica, e eu já alerto a vocês que esse tipo de referência sem nenhum estudo, pesquisa ou embasamento não pode ser levado em consideração. O autor acha, pensa em algumas justificativas e no final sugere que estudos sejam feitos para verificar. Só isso. E nenhum estudo feito.
2) A segunda é um documento da União Europeia que não faz nenhuma associação entre o flúor e o autismo, pelo contrário, ele destaca que não há nenhum registro central europeu sobre os transtornos do espectro autista (TEA) e que conhecer a real prevalência da condição na região é difícil porque existem pouquíssimos estudos e eles são muito diferentes entre si na forma de diagnosticar e classificar o as TEA. Esse documento sugere ainda que a prevalência de TEA (ou seja, a quantidade de autistas) no Reino Unido, região com pouquíssimos locais onde há água fluoretada, é semelhante à prevalência nos Estados Unidos (país com grande proporção de habitantes expostos à água fluoretada)
3) As últimas duas referências logo no início esclarecem: o fluoreto não é reconhecido atualmente como agente causador de TEA, pois seus efeitos tóxicos ao cérebro e sistema nervoso não são comprovados, mas seguem dizendo que vão descrever os efeitos do flúor no metabolismo e disfunção mitocondrial, estresse oxidativo e inflamação para demonstrar como a exposição crônica ao flúor pode levar à TEA. Ou seja, opiniões e hipóteses.
Eu tenho opiniões sobre muitas coisas e imagino que vocês também, mas isso não quer dizer que minhas opiniões sejam verdade mesmo que eu pense com muita lógica e racionalidade para cada uma delas. Para atestar um fato e gerar alarde na população é preciso que haja COMPROVAÇÃO CIENTÍFICA, ou seja, um estudo que consiga demonstrar pelo menos uma associação entre duas condições, ou seja, o uso de fluoretos e o número maior de pacientes com TEA. E isso não existe. Muito menos quando se trata do uso de pastas de dente como vemos alguns colegas postando por aí às vezes. Essa hipótese é ainda mais absurda, uma vez que a absorção dos fluoretos pela corrente sanguínea durante os períodos de escovação é muito pequena.
Portanto, fique tranquilo. Os fluoretos são muito benéficos para sua saúde oral e não são um risco para sua saúde e dos seus filhos!