Se bactérias e vírus estão por todo lugar, a limpeza dos espaços torna-se uma ferramenta essencial para a saúde pública
O conceito de saúde sempre nos presenteia com muitas reflexões sobre o que realmente importa para termos nações, cidades e espaços saudáveis com qualidade de vida. Se nos provocarmos com o conceito ampliado historicamente construído de saúde, o aspecto social/sociedade/ meio natural equilibrado nos traz uma revelação que ambientes indignos ou insalubres não podem promover saúde.
A Constituição brasileira (1988) em seu art.1.º traz a dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil. E dignidade atrela-se ao meio em que se vive a sociedade e à saúde, como direito social indisponível. De acordo com o art. 3.º da Lei 8080/90, a saúde tem como determinantes e condicionantes, entre outros, o saneamento básico. Não temos como pensar em uma sociedade justa, igualitária e em ações e serviços de saúde universais se os determinantes sociais não forem respeitados e atendidos. Abrem-se, portanto, as cortinas para o assunto em tela escolhido, a importância de se sanear, basicamente, o meio.
O que é, portanto, saneamento básico e quais são as possíveis implicações à saúde?
Saneamento básico, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), é o controle de todos os fatores ambientais que podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-estar físico, mental e social dos indivíduos. Ações ou sistemas como abastecimento das populações com água para consumo humano, tratamento e disposição adequada e sanitariamente segura de águas residuais (esgotos sanitários, resíduos líquidos industriais e agrícolas), acondicionamento, coleta, transporte e destino final dos resíduos sólidos, coleta de águas pluviais e controle de empoçamentos e inundações, controle de vetores de doenças transmissíveis (insetos, roedores, moluscos, etc.) são fundamentais para termos sociedades com níveis adequados de saúde, menos internações hospitalares, menos absenteísmos nas relações trabalhistas e menos óbitos.
Infelizmente, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 4 bilhões de pessoas no mundo vivem sem acesso ao saneamento básico. No Brasil, segundo dados divulgados no site Agência Senado, cerca de 100 milhões de pessoas não têm acesso à coleta de esgoto e quase 35 milhões não possuem acesso à água potável. O quadro retratado impacta sobremaneira na saúde das pessoas, pois inúmeras doenças são transmitidas pela água (ingestão direta ou em alimentos contaminados) e pelo solo (fezes de portadores de doenças em contato com a água, pessoas ou alimentos). Doenças como Cólera, Amebíase, Hepatite A, Dengue, Leptospirose, Esquistossomose dentre outras estão, em parte, associadas a regiões desprovidas das ações de saneamento básico.
Um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas é garantir a disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos. Até 2030, no Brasil, o objetivo é alcançar o acesso universal e equitativo à água para consumo humano, segura e acessível para todas e todos.
Quais ações são seguras e importantes para nosso dia-a-dia para evitarmos problemas de saúde?
Higienizarmos corretamente as mãos (após o uso do sanitário e antes do preparo de alimentos), além disso, lavarmos com água tratada, clorada ou fervida alimentos que serão consumidos crus e pratos, copos, talheres e mamadeiras utilizados. É de bom grado, também, cozinharmos eficientemente os alimentos antes de consumi-los, usar instalações sanitárias adequadas, evitar brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de locais onde haja esgoto, acondicionar os resíduos sólidos e evitar acúmulo de água inibindo a reprodução de vetores como os mosquitos.
A sociedade tem o direito ao meio saneado. Qualidade de vida pauta-se pelo equilíbrio existente nas relações entre os seres vivos e os seus meios naturais. Políticas públicas bem elaboradas e planejadas devem buscar soluções e atender as demandas existentes para exercemos e nos locupletarmos da grandiosidade do conceito de dignidade da pessoa humana.