Tratamento odontológico em idosos: não existe idade para se sentir incrível.
O envelhecimento da população brasileira em um contexto de grande preocupação com a saúde, deixou para trás o paradigma do idoso vulnerável e desdentado. Hoje, os pacientes acima dos sessenta anos de idade são ativos, muitas vezes produtivos e estão muito preocupados com saúde bucal. Essa grande quantidade de pacientes nos mostra o quanto um belo sorriso e uma oclusão funcional podem ser benéficas para a qualidade de vida, auto-estima e o processo saudável de envelhecimento e é por isso que, cada vez mais, encontramos pacientes idosos nos consultórios odontológicos.
No idoso, não há contra-indicações para o tratamento ortodôntico se as condições gerais de saúde do paciente permitirem, pois, a resposta do tecido aos movimentos dentários é boa. A resposta à força ortodôntica pode ser um pouco mais lenta se comparada à de crianças e adultos jovens, mas ocorre de forma semelhante em todas as idades. Ao longo dos meus quase 20 anos de Ortodontia desenvolvi uma grande experiência nesse grupo populacional, preparando esses pacientes para receber implantes e próteses, contudo cada dia mais me surpreendo com as novas demandas dos idosos. Eles estão passando por uma grande mudança:
Há poucos meses finalizei o tratamento de uma paciente que queria alinhar e clarear os dentes para sua festa de oitenta anos. “Celebrar minha vida com um lindo sorriso”, ela o que ela queria. Tenho, no consultório, muitas executivas e executivos acima dos 60 anos de idade que, com o advento das reuniões online perceberam que os dentes desalinhados não estavam transmitindo a imagem que eles gostariam para suas esquipes e clientes. E como hoje conseguimos fazer tratamento com conforto e discrição, essa tem sido uma demanda crescente no consultório.
Só não devemos tratar pacientes que estejam doentes e debilitados, ou fora de controle de suas necessidades médicas, mas isso não se aplica apenas aos pacientes idosos, isso é para todas as idades! Em um recente capítulo de livro que publique escrevi que “quando a saúde física geral do paciente está debilitada, deve-se reavaliar a necessidade do tratamento, independentemente da idade do paciente. Entretanto, quando as enfermidades presentes estão bem controladas, sob acompanhamento médico adequado, elas não representam um obstáculo para a movimentação ortodôntica. Obviamente, cada caso deve ser avaliado individualmente, mas no contexto atual, o tratamento ortodôntico tem muito a contribuir para a qualidade de vida desses pacientes.”
De fato, em uma pesquisa que publiquei em um periódico americano com os resultados de setenta pacientes idosos tratados nos últimos dez anos, ficou claro que o tratamento ortodôntico gerou uma mudança significativamente na qualidade de vida e bem-estar dos pacientes tratados, à medida que melhorou o alinhamento dentário e permitiu a instalação de implantes e próteses. Esses resultados foram similares aos que obtive em adolescentes e adultos jovens nas minhas pesquisas de mestrado e doutorado, ou seja: não existe idade para se sentir incrível!