Vida real e conto de fadas: como lidar com os imprevistos?
Por isso chamamos de conto de fadas…
Era uma vez uma menina, muito levada que vivia aprontando na escola (…) e viveram felizes para sempre.
Não importa o enredo da história, todo conto de fadas termina com “e viveram felizes para sempre”. Mas é exatamente por isso que é um conto de fadas.
As histórias da vida real, excetuando algumas possíveis previsões, não tem, na sua maioria, um fim pré-determinado, ou seja, a vida está fora do controle humano e existe fatores que não podem ser previstos. E está tudo bem. Só não está bem quando não aceitamos isso e precisaremos sentir na pele para a ficha cair.
Estávamos eu e minha filha de 10 anos no mar de tardinha em um domingo na tentativa de “banho de descarrego” para começar a semana energizadas. E eu, como aprendiz nesta vida que sou, tive a “brilhante” ideia de inventar um desafio: “Stella, vamos nadando até aquela pedra, bater a mão e voltar? Afinal é pertinho e essa experiência vai nos fortalecer, porque temos que sair da zona de conforto e ir além”.
“Não tem perigo, mamãe?”, perguntou minha princesa já olhando a escuridão do mar. “Uai, meu amor, acho que não, vamos pensar: não tem tubarão, seu pai e seu irmão estão nos vendo da areia, é pertinho, qual perigo teria? Não tem jet ski por perto. Posso alinhar com seu pai de ficar nos olhando, mas não vejo perigo”.
“Ok, combinado”, disse ela já animada com a aventura. Alinhei com meu marido, que achou totalmente desnecessária aquela ideia, mas já aprendeu a não discutir com uma advogada de TPM (essa é a exceção da regra de que não dá para controlar o exato resultado do acontecimento rs).
Começamos a nadar sorrindo uma para outra e achando o máximo nossa coragem e tudo estava perfeito, a água não estava gelada, podíamos ver os últimos raios solares no céu, apesar da água já estar bem escura, e ambas nadando sem nenhum problema até que… pausa, esse “até que” é onde entra toda ideia desse texto.
Existem milhares de variáreis nesta equação que não se mostravam claras para a minha prevenção. Sei que muitos de vocês podem estar lendo e imaginando: “mãe irresponsável, desafiar uma criança no mar escuro”; enquanto outros, “mas gente, se for assim a gente não atravessa uma rua” e por aí vai. Não é sobre isso que falo aqui, não é sobre segurança ou acidentes e sim sobre SOMENTE FOCAR NO RESULTADO.
Muitas pessoas passam por essa vida sem ter consciência disso. Não vivem o processo, não vivem o caminho, não sentem o presente e por isso nem conseguem pensar ou sentir este.
Estão tão focadas no resultado que não processam o que estão passando e aí que vem o caos total, por estarem tão focadas no resultado que elas querem alcançar, não concebem uma alternativa senão aquela, ocorre que, na vida real, o inesperado PODE ocorrer e você está preparado para isso?
Mais importante ainda do que estar preparado para outro resultado é estar de fato aberto para outros caminhos (outros presentes). Ou seja, saber apreciar se no seu caminho de repente aparecer um, ou pior, uma ladeira, ou ainda, apenas o cansaço. É perceber que sempre pode voltar e decidir pegar outro caminho se assim decidir. É simplesmente ficar aberto para ser flexível e poder mudar de opinião.
O que aconteceu naquele domingo? Stella encostou um pé em alguma coisa (ela jura que era uma tartaruga enorme que costuma ver na costa capixaba) e começou a entrar em pânico e daí aquela experiencia não saiu do jeito que eu previ, apesar de ter conseguido bater a mão na pedra e voltado sãs e salvas, tal episódio gerou muitas horas de reflexão, yoga e conversa para ser sentida como uma experiencia de crescimento e amadurecimento.
Moral da história, você sempre poderá focar no “viveram felizes para sempre”, para alinhar suas atitudes e escolhas, mas de nada adiantará chegar na conquista sem sentir o que você VIVEU até lá.
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