O olhar de turista é o meu exercício de gratidão, auto percepção e atenção plena. Por isso é tão importante em nosso dia a dia esse exercício.
Eu frequentemente me afasto de tudo, mesmo estando fisicamente presente, como se observasse o mundo através da perspectiva de uma terceira pessoa. E cada vez que me afasto eu percebo exatamente as coisas que me mantêm conectadas aquela situação.
A observação com o olhar de turista é perceber tudo como se tivessem um prazo para acabar e de repente temos o desejo de viver intensamente aquela experiência.
Já percebeu que quando viajamos por escolha, temos a sensação de estarmos vivos? Nos deliciamos, experimentamos, olhamos com gula para que cada momento fique eternizado na memória e que desta forma possamos degustar o momento, pois sabemos que temos dia e hora para voltar.
Essa sensação de tempo-espaço definido cria em nós a sensação de felicidade.
No entanto, o que vivemos no dia a dia vira paisagem, vira quadro, passa a perder cor e com o tempo ninguém mais percebe a beleza.
Até que alguém venha nos visitar e nos trazer a percepção da beleza do nosso próprio lugar. Ou pior, quando esse lugar deixa de existir e de repente percebemos a importância dele em nossas memórias afetivas.
O olhar de turista é chegar todos os dias considerando que amanhã eu talvez não esteja mais aqui ou que meu lugar preferido talvez não esteja mais disponível.
E veja, não se trata de pessimismo, mas de consciência de perenidade.
Porque mesmo que amanhã eu passe na mesma rua, veja as mesmas pessoas, abrace os mesmos amigos. Ainda que tudo seja igual, será diferente. Pois eu estarei em um estado de consciência diferente.
Isso faz com que a gratidão transborde, que eu me perceba e que o mundo a minha volta pare para a viagem mais importante: para dentro de mim.