Carlos Queiroz

Carlos Queiroz

Professor do Departamento de Geografia-Ufes e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades-PÓSCOM/Ufes.
Professor do Departamento de Geografia-Ufes e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades-PÓSCOM/Ufes.
Obra de Cláudia França. Exposição Inventário Cordilheira, realizada em Campinas, 2019.

Arte

Parte I: o que é e o que faz um curador de arte?

Voltemos ao termo curadoria. Ele implica as considerações postas acima, mas pode mesmo ser simplesmente o efeito de um ato prosaico, cotidiano de escolher: separar algo entre os demais. O estranho tem sido o uso desmesurado do termo no campo da vida comum, deslocamento de algo específico do campo das artes para outro lugar. Sempre tenho em mente a ação profícua de Pietro Maria Bardi como curador do MASP, viajando, visitando acervos particulares, elencando, doando, adquirindo e conservando obras fundamentais da história da arte ocidental para compor o acervo daquele museu. Trata-se da figura ímpar que mescla o guardião de um acervo, promotor de políticas de aquisição de obras, organizador e intérprete de obras e sinais em mostras, as quais aproximam o fechado do museu ao aberto da visita pública. Hoje temos outras possibilidades de curadorias, tantas quantas são as diversas maneiras de manifestação em arte contemporânea, onde operam o diverso, o obtuso, o fora do eixo e outras situações de fronteira em que se encontram as imagens.

Imagem gerada por IA / 
www.stablediffusionweb.com

Arte

Videogames: uma arte do século XXI?

Um exemplo disso é Journey (2012), da thatgamecompany. Nesse jogo, o jogador assume o controle de um personagem sem rosto, que atravessa vastos desertos em direção a uma montanha. A narrativa minimalista e a ausência de diálogos permitem que o jogador projete suas próprias emoções na jornada. O cenário aberto, a trilha sonora imersiva e as interações com outros jogadores anônimos criam uma experiência altamente subjetiva, na qual o jogador “devém” junto ao personagem.

Arte Imagem gerada por IA

Arte

Por uma arte socialmente engajada - parte 2

Reforço aqui, portanto, não apenas meu entendimento, mas também, a escolha que faço enquanto artista, intelectual e professor, por uma arte socialmente engajada, que para mim, é aquela que tem como sua matéria-prima, o desejo de promover mudanças sociais e políticas, que desafia o estabelecido e busca reconhecer a voz dos marginalizados, ainda que seja “apenas”, chamando atenção para um dado problema, muitas vezes silenciado no campo da disputa estético-discursiva.

Capa do livro "El arte es una forma de hacer (no una cosa que se hace)", de Andrea de Pascual e David Lanau).
Foto: Carlos Queiróz.

Arte

Arte como modo de fazer...tecendo poéticas relacionais

Para mim, é a cidade que nos oferece esse suporte para o agir emancipado. Cidade, que as vezes é palco, outras telas, folha em branco, rascunho, rabisco. Cidade como campo do agir, que nos dá a ver, modos de agir. Agir no espaço-tela da rua, na paisagem-câmera da calçada, no território-poesia dos muros. Eis um horizonte que se enuncia como possível: arte, educação e cidade como campos discursivos, estéticos e políticos que se misturam. Horizonte possível: arte como obra de arte. Educação como obra de arte. Cidade como obra de arte.