Lincoln G. Dias

Lincoln G. Dias

É artista visual, doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor de Desenho e de Pintura do Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal do Espírito Santo.
É artista visual, doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professor de Desenho e de Pintura do Departamento de Artes Visuais da Universidade Federal do Espírito Santo.
Rosindo Torres. A testemunha. Pintura vinílica sobre reprodução, 2004.

Arte

A inteligência artificial pode conceber arte? Parte 3

Neste terceiro artigo, insistirei um pouco mais na questão, com o intuito de introduzir a resposta à duas objeções sempre possíveis: a primeira objeção reafirma a posição de coautoria das inteligências artificiais, devido à sua capacidade intervir na atividade criativa, com aportes que o artista sozinho jamais poderia obter. A segunda objeção joga na nossa cara a profusão de imagens produzidas por essas inteligências, sendo muitas delas bonitas, inéditas, tecnicamente refinadas e portadoras de mensagens elaboradas. Ora, por que negar a elas o estatuto de obras de arte? São estes os pontos que pretendo tratar neste e no próximo artigo.

Rosindo Torres. Atributos para jovens rebeldes. Pintura vinílica sobre reprodução. 2001

Arte

Pode a inteligência artificial conceber arte? Parte 2

Em síntese, a obra de arte não nasce da combinatória automática de dados disponíveis num arquivo potencialmente infinito e sim do embate necessário com uma condição de existência, a princípio, brutal e incompreensível. Ela não surge da abundância e sim da penúria, como resposta ao vazio, à falta e ao desamparo. As inteligências artificiais não concebem arte porque não podem sentir esse drama, nem possuir o arbítrio necessário para oferecer a ele uma resposta. O máximo que podem fazer, nas suas operações automáticas, é trocar a simbolização pela programação, o embate existencial pela combinatória e o significado pelo efeito.