No ano em que completa seu cinquentenário, a Chegou o Que Faltava levará para o Sambão do Povo uma homenagem ao bairro Goiabeiras e a toda a comunidade da azul, rosa e branco. A escola de samba será a segunda a desfilar pelo grupo especial no Carnaval de Vitória 2025.
Inspirada no movimento manguebeat — movimento que denuncia desigualdades e simultaneamente promove uma renovação cultural e artística —, a tricolor de Goiabeiras vai retratar as manifestações culturais capixabas como a folia de reis, o Boi Estrela, o congo e as paneleiras.
Durante o processo, fui entendendo toda a efervescência cultural que é Goiabeiras. É ali que é feita a panela de bairro, tem o congo, a folia de reis e a brincadeira de Boi Estrela. Tudo o que é tido como identidade cultural do Espírito Santo existe dentro de Goiabeiras. Esse pedacinho de Vitória parece um mini Espírito Santo, sintetizou o carnavalesco Vanderson Cesar.
O enredo “Da lama sai muito barulho“ mostra o bairro tradicional da Capital capixaba como um retrato cultural e histórico do Espírito Santo. O desfile promete emocionar o público no Sambão do Povo, na noite de 22 de fevereiro.
Vanderson contou que se inspirou no movimento manguebeat, idealizado por Chico Science, para produzir o desfile da Chegou.
“Da lama sai muito barulho”, título do enredo, faz parte do manifesto “Caranguejos com Cérebro” e, depois de muita conversa, se deu conta de que seria o título perfeito para a mensagem que a escola quer passar na avenida.
“Vamos retratar a Chegou o Que Faltava brotando da lama para amplificar os barulhos de Goiabeiras pelo mundo”, completou.
A agremiação, que vem crescendo nos últimos anos, garante um desfile ainda maior em 2025. últimos anos, garante um desfile ainda maior em 2025.
Videocast • Carnaval no Folha Vitória
O Folha Vitória realizou uma série de videocasts com as escolas de samba do grupo especial. Confira a entrevista completa com Vanderson César abaixo.
Samba-enredo do Chegou o Que Faltava 2025
O Yín Nàná Yò eu sou o mangue
Ô Yín Nàná Yò raiz do meu sangue
Batuque de congo, axé de tambor
De Goiabeiras o povo do samba chegou
(Ah mais chegou)
O que faltava quando tudo era nada
Oxalá foi a estrada e a Senhora anciã
Saluba Nanã fez da lama seu ofício
Rege fim e o princípio
É memória ancestral do manguezal
O sal do corpo encontra a doçura
Onde repousam fé e cultura
Submerso ventre maternal
Pescador partiu pro mar
Na vazante o catador
Quem me cura é benzedeira
Onde a fé perpetuou
Das cantadeiras de roda a voz da lição
Som que emerge no meu pedaço de chão
Tira a canga do boi
Tira a canga do boi
Que griô é a estrela, menina
Tira a canga do boi
Salve preto Benedito que abençoa meu Barreiro
Vou louvar Sebastião todo vinte de janeiro
São Reis por Rainhas da vida
No vale da lida, nas mãos mulembá
Da lama transcende a chama!
Na cuia que abriga o dom de moldar
De Mães e filhas, eterna essência
São paneleiras a herança em resistência
Nasci… da fogueira dessa gente
De chão nobre, imponente
Preta forma de amor
Nos toques que ampliam meu barulho
Minha escola, meu orgulho
Evoca à vitória em seu louvor
