“Não somos descendentes de escravos, somos descendentes de reis e rainhas”. A frase sintetiza a ideia central do enredo da Imperatriz do Forte para o Carnaval de Vitória 2025. De volta ao grupo especial, a escola de samba do Forte São João vai levar para a avenida os saberes ancestrais do povo de Luanda, capital da Angola.
Em “Só quem sabe onde é Luanda, saberá lhe dar valor“, a verde e rosa quer retratar o período pré-colonial da Angola, onde viviam os reis e rainhas. Durante o desfile, a agremiação vai contar a travessia pelo atlântico até chegar ao Brasil, e retratar a cultura incorporada na América.
Anclebio Junior, diretor artístico da escola, explica que ao longo da avenida o desfile fará várias referências à história e cultura de Luanda até o período de cultura contemporânea que é vivenciado na atualidade.
É importante entender que o nosso saber não ficou nas águas do Atlântico, todo mundo que saiu do porto de Luanda para vir para o Brasil trouxe esse conhecimento. O terceiro setor vai mostra isso: o vocabulário incorporado, a tecelagem, roupas para celebração de rito, a religiosidade, a capoeira, o congo, o conhecimento medicinal das ervas na cultura contemporânea, adiantou.
O desfile da Imperatriz do Forte contará com a presença de uma figura histórica e de extrema importância para as comunidades quilombolas do Espírito Santo.
Maria Laurinda Adão, mestra de Caxambu de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, foi convidada e vai participar do desfile. Ela é considerada guardiã dos saberes de seu povo e estará em um dos tripés da escola.
Com desfile assinado pelo carnavalesco Rodrigo Meiners, a Imperatriz do Forte vai fechar a noite de desfiles das escolas de samba do grupo especial, já na manhã de domingo, 23 de fevereiro. A verde e rosa promete um desfile colorido para os primeiros raios de luz do dia.
Videocast • Carnaval no Folha Vitória
O Folha Vitória realizou uma série de videocasts com as escolas de samba do grupo especial. Confira a entrevista completa com Anclebio Junior abaixo:
Samba-enredo da Imperatriz do Forte 2025
O meu povo é batuqueiro
De Angola, mandingueiro
O sol de Luana me guia pro norte
E quem não enxerga cicatriz
Faz valer sua raiz
Canta, Imperatriz do Forte!
Sou eu, um guerreiro de Matamba
A força africana de Nzinga ancestral
Onde o invasor não tem mais voz
Meu povo feroz faz reza e ritual
Aprisionado ao som da chibata
Na força das gargantas embargadas
É ginga, ê, é ginga
Mulher que se faz fortaleza
Calunga de Angola resiste
No imenso mar pra curar a incerteza
Bota dendê para benzer, para colorir o saber
E entender o poder do catiço
Se quem atiça acende vela
Faz tampo numa panela
Na tristeza dá sumiço
Eu vou dançar maracatu, caxambu e capoeira
Manifestar minha raiz a noite inteira
Identidade de Laurinda e outros mais
Luanda, teu espírito é santo
Afasta qualquer quebranto
É canto livre de amor e paz