Muita emoção na estreia na avenida. Assim foi a passagem de Marciane Pereira dos Santos pelo Sambão do Povo. Símbolo no combate à violência contra as mulheres, ela desfilou pela Independentes de São Torquato na madrugada deste sábado (22), pelo grupo A do Carnaval de Vitória.
Em entrevista ao Folha Vitória logo após desfilar pela passarela do samba capixaba, Marciane exaltou a escola por ter aberto uma ala para pessoas com deficiência.
“O samba é para todos! Se todas as escolas abrissem espaço, independente de classificação, se vai ganhar ou não, essa é a importância de incluir. Me senti bem recebida e bem acolhida. Eu mega gostei e vou torcer para a próxima”, afirmou Marciane.
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A Independentes de São Torquato levou para o Sambão do Povo um enredo sobre a era de ouro dos jogos e os 50 anos das apostas no Brasil. Marciane comentou sobre a experiência de debutar na avenida.
“É muito bom, muito emocionante, muito gostoso, você ver o olhar das pessoas, que você não vê no dia a dia e fazer aquele percurso com as pessoas te aplaudindo”, afirmou.
O convite para desfilar foi feito por uma amiga. “Quando ela me fez esse convite, eu falei que, se não fosse para causar, eu nem saia de casa”, brincou.
Foto: Thiago Soares/Folha VItória
Perto de completar 43 anos – o aniversário de Marciane é nesta terça-feira (25) – ela revela que a participação no desfile é um presente. Marciane disse que não curtia o Carnaval há muitos anos.
“Em 2002, eu perdi a minha mãe e não curti mais Carnaval. Minha mãe que me puxava. Depois que sentei na cadeira também não participei de nada também, justamente, pelo medo e insegurança”, explicou ela.
Diarista se tornou símbolo no combate à violência contra a mulher
Marciane Pereira dos Santos teve 40% do corpo queimado pelo ex-marido André Luiz dos Santos. O crime aconteceu em setembro de 2018, na casa onde ela morava no bairro Jardim Tropical, na Serra. O agressor não aceitava o fim do relacionamento e ateou fogo no corpo de Marciane, que trabalhava como diarista.
Ela teve queimaduras de terceiro grau em todo o corpo, chegou a ficar em coma induzido e precisou amputar uma das pernas.
André, que era cadeirante, foi preso e condenado a 32 anos de prisão pelo crime, mas morreu em março de 2023. Na época, ele cumpria pena na Penitenciária Estadual de Vila Velha.
A história de Marciane virou um símbolo do combate à violência contra a mulher e ela já foi convidada a palestrar em eventos sobre o tema.
*Com informações da repórter Maria Clara Mello Leitão, do Folha Vitória