Arte
Parte I: o que é e o que faz um curador de arte?
Voltemos ao termo curadoria. Ele implica as considerações postas acima, mas pode mesmo ser simplesmente o efeito de um ato prosaico, cotidiano de escolher: separar algo entre os demais. O estranho tem sido o uso desmesurado do termo no campo da vida comum, deslocamento de algo específico do campo das artes para outro lugar. Sempre tenho em mente a ação profícua de Pietro Maria Bardi como curador do MASP, viajando, visitando acervos particulares, elencando, doando, adquirindo e conservando obras fundamentais da história da arte ocidental para compor o acervo daquele museu. Trata-se da figura ímpar que mescla o guardião de um acervo, promotor de políticas de aquisição de obras, organizador e intérprete de obras e sinais em mostras, as quais aproximam o fechado do museu ao aberto da visita pública. Hoje temos outras possibilidades de curadorias, tantas quantas são as diversas maneiras de manifestação em arte contemporânea, onde operam o diverso, o obtuso, o fora do eixo e outras situações de fronteira em que se encontram as imagens.