A arte como ferramenta de paz: festival une continentes em Cabo Verde
Recentemente, tive a honra de dirigir artisticamente, junto com o grande parceiro Mano Preto, o Festival Pela Paz em Tarrafal, Cabo Verde, África, em celebração aos 100 anos de Amílcar Cabral, o grande libertador e poeta.
O festival teve a participação de grandes artistas da África, Europa e América, e contou com uma incrível e competente equipe formada por profissionais também desses três continentes. Esta experiência reforçou meu entendimento de que a arte e a cultura são mais do que expressão, são ferramentas essenciais para a educação e pacificação dos povos.
O festival foi idealizado pelo grande Mário Lúcio Souza, um renomado artista de Cabo Verde e internacional. Sua iniciativa mostrou que os artistas têm um papel fundamental na formação de opiniões, decisões de seus países e transformações sociais. A arte, além de ser entretenimento, é uma poderosa ferramenta política e social para promover união e diálogo.
Cabo Verde, com sua rica história cultural, também foi um local crucial durante a diáspora africana. Milhões de escravizados passaram por suas ilhas antes de serem trazidos ao Brasil e às Américas. Infelizmente, muitos não sobreviveram à travessia, tornando Cabo Verde um símbolo de resistência e memória. Hoje, a arte no país se apresenta como forma de resgatar a dignidade e honrar suas histórias.
O festival reuniu artistas africanos e internacionais, com destaque para o projeto Gota D’Arte, que trabalha com crianças locais, oferecendo a elas oportunidades de desenvolvimento por meio da arte. Ver esses jovens expressando-se com tanto talento e paixão foi emocionante.
O momento mais marcante foi quando os dois maiores líderes políticos opositores do país, Presidente e Primeiro Ministro, subiram ao palco e se abraçaram. Esse simples gesto mostrou como a cultura pode ser um espaço de diálogo, quebrando barreiras e construindo pontes de reconciliação em tempos tão polarizados.
Também tive a oportunidade de visitar o presidente de Cabo Verde, Senhor José Maria Neves, uma figura humilde e profundamente comprometida com a promoção da arte como ferramenta de crescimento social e pacificação, em sintonia com o legado de Amílcar Cabral.
Essa experiência me fez refletir sobre o papel essencial da arte na educação e no desenvolvimento social. Através da cultura, formamos indivíduos mais empáticos, capazes de conviver com as diferenças e promover a paz. Projetos como o Gota D’Arte e o apoio à arte demonstram como a cultura pode transformar realidades.
Amílcar Cabral nos ensinou que a cultura é a alma de um povo. O atual presidente de Cabo Verde leva esse legado adiante, fomentando um movimento artístico que se tornou um símbolo de orgulho nacional, além de ser um mecanismo eficaz para pacificação e progresso social.
O Festival Pela Paz, mostrou que a arte pode conectar, reconciliar e construir pontes. Que esse exemplo inspire mais líderes a usar a cultura como ferramenta de transformação e união. África, você tem muito a ensinar ao mundo!