Crítica | Identidade em diálogo na 35ª Bienal de São Paulo
A 35ª Bienal de São Paulo, ocorrida em 2023, sob curadoria de Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel reuniu artistas sob o tema “Coreografias do Impossível”.
Relacionando elementos ligados ao corpo, ao movimento, à política, à espiritualidade e à materialidade, a exposição procurou destacar artistas que discutem questões identitárias para além da hegemonia do homem branco heterossexual, jogando luz principalmente sobre o trabalho de artistas negros, indígenas, não-binários ou fora dos grandes centros de poder.
Embora estas questões não sejam expressamente mencionadas no texto curatorial, percebe-se claramente esta opção ao se analisar a lista de artistas selecionados.
Esta abordagem decolonialista poderia gerar desconforto caso os artistas fossem escolhidos apenas por sua cor de pele, origem ou gênero, sem considerar a qualidade de suas obras.
Todavia, não foi isso que ocorreu, já que a maior parte dos artistas escolhidos possui uma pesquisa poética sólida e obras de grande impacto visual e conteúdos significativos para a contemporaneidade.
Vários trabalhos tocavam em questões políticas, porém não de forma vazia ou panfletária, mas com apuro de linguagem e envolvimento sensorial e estético.
As aproximações proporcionadas pela arquitetura expositiva e distribuição das obras no espaço valorizou o diálogo entre as poéticas de cada artista, proporcionando uma fruição agradável e reflexiva para o espectador.