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Coluna ESG

por Felipe Mello

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Florestas como aliadas das mudanças climáticas

Um novo estudo realizado pelo Serviço Florestal dos Estados Unidos apontou que todas as suas regiões florestais estão com a sua produtividade e biomassa alteradas devido ao aumento da temperatura global, das secas e dos incêndios florestais. Dessa forma, as florestas poderão, em breve, deixar de ser classificadas como sumidouros de carbono do planeta.

Por meio de 113.806 medições em florestas não plantadas de inventários florestais, o Serviço monitorou não só o crescimento, mas a sobrevivência de mais de um milhão de árvores em todo o país de 1999 a 2020. No oeste, o crescimento das árvores abrandou nos últimos anos, devido, principalmente, às mudanças climáticas serem mais intensas nessa zona. Enquanto no leste, o clima não se alterou tanto, não tendo afetado o crescimento das árvores locais.

Sequestro de 25% das emissões de carbono humanas

Contudo, as secas e as doenças estão aumentando à medida que as temperaturas globais sobem. Dessa forma, o dióxido de carbono pode favorecer a fotossíntese em algumas áreas, mas já em outras está pode retardar seu crescimento. Assim, os dados mostram que as mudanças climáticas não são uniformes e que existe um ponto de inflexão em que as florestas passam de sumidouros de carbono a fonte deste gás. Porém, sem esses sumidouros, os cenários que hoje vivemos podem piorar consideravelmente. Afinal, a lentidão no crescimento das árvores tem afetado a sua capacidade de remoção de gás carbônico da atmosfera. As florestas sempre tiveram um papel importante na regulação do clima do planeta, anualmente elas sequestram cerca de 25% das emissões de carbono humanas. Aaron Hogan, pesquisador de biologia da Universidade da Flórida, comunicou que “estamos testemunhando mudanças no funcionamento das florestas à medida que os ecossistemas florestais respondem aos fatores de mudança global, como a fertilização por dióxido de carbono (CO2) e as mudanças climáticas".

Liberação de grandes quantidades de carbono armazenado

Sendo assim, menos armazenamento de carbono no ecossistema significa mais carbono em nossa atmosfera e, com isso, teremos maiores temperaturas globais e uma aceleração das mudanças climáticas. Contudo, Aaron Hogan também conclui que "precisamos ter florestas saudáveis em conjunto com a redução de emissões para restaurar o equilíbrio global de carbono e limitar as mudanças climáticas". A destruição de nossas florestas provoca a liberação de grandes quantidades de carbono armazenado. Nas últimas décadas, a Amazônia ficou mais quente e seca, além de esta queimando a uma velocidade muito maior. Espécies adaptadas ao clima úmido estão morrendo, enquanto espécies resistentes à seca prosperam. Essas tendências, no entanto, ainda podem ser reversíveis através do reflorestamento da vegetação nativa, por exemplo. Devemos reduzir o desmatamento, combater as queimadas e investir na ciência agora. Portanto, enquanto destruímos nossas florestas, além de perdemos grande parte da nossa biodiversidade, perdemos também todos os serviços ecológicos que elas nos fornecem. A manutenção de florestas só nos traz benefícios, e já não é só uma opção, mas uma necessidade.