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Coluna ESG

por Felipe Mello

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Por Rovena Cabral

Escassez Hídrica e Adaptação: Desafios para o Setor de Saneamento e suas Implicações na Economia

A recente divulgação de um estudo sobre os impactos das mudanças climáticas nos recursos hídricos do Brasil trouxe à tona uma realidade alarmante: até 2040, a disponibilidade de água no país pode reduzir em até 40%. Esse estudo, conduzido pela Agência Nacional das Águas, apresentou um quadro preocupante, destacando a necessidade urgente de desenvolver estratégias de adaptação não apenas para o setor de recursos hídricos, mas para toda a sociedade.

Diante desse cenário, torna-se imprescindível que as empresas de saneamento se tornem mais eficientes na gestão dos recursos hídricos e estabeleçam uma agenda de adaptação que assegure fornecimento de água potável para a população. Um exemplo inspirador está no Espírito Santo, onde foi implementado o primeiro Projeto de Manifestação de Interesse (PMI) para reuso de água no país.

Iniciativas de Reuso de Água: O Caso do Espírito Santo

Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento do Estado (SEDES), o projeto inclui a construção de uma Estação de Produção de Água de Reuso (EPAR), capaz de transformar 300 litros por segundo de esgoto sanitário em água de reuso para fins industriais. Essa iniciativa não apenas demonstra inovação, mas também representa um passo significativo para reduzir a pressão sobre os mananciais, uma vez que 300 litros de água potável por segundo deixarão de ser retirados dessas fontes e utilizados para fins industriais.

Isso contribuirá para garantir um fornecimento mais estável de água potável para a população. A Companhia Espírito Santense de Saneamento (CESAN), responsável pelo projeto para atender a Siderúrgica ArcelorMittal, afirma que pretende expandir a distribuição do produto para operações industriais, e já está em negociação com Vale e Suzano para utilização dos efluentes tratados como água de reuso.

Benefícios econômicos ligados à universalização

O governo federal estabeleceu uma meta ambiciosa de universalizar o acesso ao saneamento básico até 2033, com o objetivo de garantir que 99% da população brasileira tenha acesso à água potável e 90% ao tratamento e coleta de esgoto, conforme estipulado pelo Novo Marco Legal do Saneamento.

Essa meta vai além do acesso básico à água e ao saneamento, trazendo consigo uma série de benefícios econômicos e sociais. De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a universalização dos serviços de água e esgoto pode resultar em uma economia anual de até R$ 1,45 bilhão em custos com saúde. Além disso, estima-se que cada R$ 1 investido em saneamento pode gerar uma economia de R$ 4 em gastos com a prevenção de doenças relacionadas à falta desse serviço, conforme apontado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Portanto, para mitigar os impactos causados pela escassez hídrica, é importante que as empresas de saneamento estejam atentas aos desafios e se empenhem na implementação de medidas de conservação e gestão eficiente dos recursos hídricos.  Esse compromisso é crucial para o desenvolvimento sustentável do país. É fundamental que essas empresas adotem as melhores práticas de adaptação e inovação tecnológica, visando garantir a segurança hídrica e o bem-estar da população.

Rovena Mariano Cabral

Administradora, Gestora da Divisão de Contratos e Documentos da Cesan, Coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da Cesan e Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do IBEF-ES.