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Coluna ESG

por Felipe Mello

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Por Rovena Cabral

Agricultura e Pecuária em Risco: Os Custos das Chamas

As queimadas no Brasil vêm se intensificando nos últimos anos, com consequências que vão além da devastação ambiental. Em 2024, o país registrou o pior mês de agosto desde 2010, com mais de 68 mil focos de incêndio, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Esse fenômeno, que afeta vastas áreas do território nacional, tem implicações profundas para a economia, especialmente nos setores agrícola, pecuário e de saúde pública.

Todos sentem no bolso

A agricultura, um dos pilares da economia brasileira, é diretamente impactada pelas queimadas. A destruição de lavouras e pastagens não apenas reduz a oferta de produtos, como também encarece a produção, elevando os preços dos alimentos para o consumidor final. Em um país onde a alimentação representa uma parcela significativa dos gastos familiares, esse aumento de preços contribui para a inflação e agrava a insegurança alimentar. Em 2024, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estimou que os prejuízos na agricultura chegaram a R$ 13,6 milhões apenas no mês de agosto.

O setor pecuário também sofre com as consequências das queimadas. A perda de pastagens obriga os pecuaristas a buscar alternativas mais caras para alimentar o gado, o que resulta em aumento dos custos de produção e, consequentemente, dos preços da carne no mercado interno. Além disso, segundo Merck Veterinary Manual, artigo da SDSU Extension, o estresse térmico e a inalação de fumaça afetam a saúde dos animais, prejudicando sua produtividade e qualidade, o que pode impactar negativamente as exportações de carne, um dos principais produtos brasileiros no comércio exterior.

Saúde Pública e o Impacto Ambiental: Desafios Econômicos Emergentes

Além dos impactos diretos na produção, as queimadas têm efeitos nocivos sobre a saúde pública. Um estudo realizado pelo Instituto Max Planck de Química, a exposição prolongada à fumaça de queimadas na Amazônia pode reduzir significativamente a expectativa de vida das populações afetadas. Esse estudo apontou que a poluição do ar causada pelas queimadas contribui para mortes prematuras e o desenvolvimento de doenças crônicas, especialmente respiratórias e cardiovasculares, devido à alta concentração de partículas finas inaláveis presentes na fumaça.

Outro ponto crítico é o impacto ambiental, que, por sua vez, afeta a economia de maneira indireta. A destruição de florestas, particularmente na Amazônia, compromete serviços ecossistêmicos essenciais, como a regulação do ciclo da água e a preservação da biodiversidade, que são fundamentais para a sustentabilidade de diversas atividades econômicas. Além disso, a imagem internacional do Brasil como um país que negligencia a preservação ambiental pode resultar em barreiras comerciais e sanções, prejudicando ainda mais a economia.

É urgente que o Brasil tome medidas decisivas e integradas para enfrentar as queimadas e reduzir seus impactos. É fundamental aplicar rigorosamente as leis ambientais, promover práticas agrícolas e pecuárias que respeitem o meio ambiente e implementar políticas de saúde pública que abordem as doenças causadas pela poluição do ar. Somente através de um esforço coordenado será possível proteger o meio ambiente, garantir a estabilidade econômica e assegurar a qualidade de vida para a população brasileira.

Rovena Cabral

Administradora, Gestora da Divisão de Contratos e Documentos da Cesan, Coordenadora do Comitê de Sustentabilidade da Cesan e Membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do IBEF-ES