instagram facebook twitter youtube whatsapp email linkedin Abrir

Coluna ESG

por Felipe Mello

image-generation_HnDNYp61OHN9v7TKTcRyLakFBY03_1731532714182_result

Entrevista Exclusiva

ESG no Mundo Jurídico: Revolução Necessária ou Moda Passageira?

O universo jurídico, tradicionalmente arraigado em práticas estabelecidas, está vivenciando a crescente influência dos princípios ESG (Ambiental, Social e Governança) nas práticas jurídicas. O ESG transcende a simples conformidade regulatória, representando uma mudança de paradigma que exige um comprometimento genuíno e uma visão de longo prazo. Nesta entrevista exclusiva por ocasião do Horacis Global Meeting 2024, Felipe Mello conversa com Dr. Luiz Cláudio Allemand, advogado de formação tributarista, referência em ESG no mundo jurídico e sócio da Allemand Consultoria e Advocacia Empresarial sobre as oportunidades e os desafios que os profissionais do direito enfrentam no contexto da influência do ESG no cotidiano das práticas jurídicas.

"A vigilância dos investidores forçará mudanças significativas"

Felipe Mello (FM): "Vamos começar pela questão principal: ESG no mundo jurídico, revolução ou moda passageira?"

Allemand (A): "É uma questão complexa. Há uma pressão pela conformidade ESG, impulsionada por fatores como pressão dos investidores, maior conscientização sobre responsabilidade ambiental e social e exigências legais crescentes. No entanto, a velocidade de adoção varia muito. Muitas empresas prestam uma atenção superficial ao ESG, adotando medidas rasas em vez de mudar suas práticas fundamentalmente. 'Greenwashing' é uma preocupação real."

FM: "Muitas grandes empresas participam de iniciativas globais e se dizem comprometidas com o ESG. Na sua visão, isso reflete um compromisso genuíno ou é apenas uma estratégia de marketing?"

A: "Há empresas genuinamente comprometidas, mas outras praticam 'greenwashing', apresentando uma imagem positiva sem mudanças substanciais em suas operações. Muitas ainda estão descobrindo como o ESG se encaixa em seus modelos de negócios, resultando em compromissos pouco claros. No entanto, o cenário regulatório cada vez mais rigoroso e a vigilância dos investidores forçarão mudanças significativas. O mercado está se tornando mais exigente."

FM: "Quais os principais desafios para a implementação efetiva de ESG em escritórios de advocacia?"

A: "Os principais obstáculos são a inércia cultural, a falta de conscientização e a dificuldade em medir o impacto das iniciativas ESG. Os advogados precisam de treinamento e suporte especializado para entender as complexidades do ESG. A falta de métricas padronizadas dificulta a avaliação consistente. E, crucialmente, é necessária uma mudança de cultura que vai além do mero comprometimento de cima para baixo. É preciso uma adesão genuína, um engajamento de toda a equipe, e uma mudança nos processos internos."

FM: "As novas regulamentações e a crescente pressão por transparência influenciam a postura dos escritórios em relação ao ESG?"

A: "As regulamentações são cruciais. A crescente demanda por transparência e responsabilização impulsiona mudanças. No entanto, a variedade e fragmentação das normas ESG em todo o mundo geram desafios de implementação. A conformidade exige adaptação constante a normas e padrões em evolução. As consequências do não cumprimento são significativas, incluindo multas financeiras e danos à reputação. A competitividade no mercado também está pressionando a adoção do ESG."

"Não se trata apenas de evitar penalidades. O ESG oferece uma clara vantagem competitiva"

FM: "E as oportunidades que o ESG apresenta ao mercado jurídico?"

A: "Não se trata apenas de evitar penalidades. O ESG oferece uma clara vantagem competitiva. Atrai clientes preocupados com a sustentabilidade, atrai talentos qualificados que buscam empregadores socialmente responsáveis e melhora a reputação da firma. É uma maneira de gerar impacto positivo na sociedade."

FM: "Como você imagina o escritório de advocacia de sucesso no futuro, em relação ao ESG?"

A: "Escritórios bem-sucedidos integrarão o ESG em todas as suas operações. Terão o ESG na estrutura corporativa, investirão em treinamento para a equipe, adotarão tecnologias para monitorar métricas ESG e priorizarão a transparência. Atrairão e reterão colaboradores comprometidos com a sustentabilidade e com uma cultura de respeito às questões sociais e ambientais. A governança terá um papel central nesse novo modelo."

FM: "Um conselho final aos jovens advogados que se interessam pela área ESG?"

A: "ESG é um setor dinâmico e em constante evolução. É preciso aprender os princípios-chave, construir uma rede de contatos e buscar oportunidades para promover esses temas. O potencial para transformar a advocacia e a sociedade é enorme. É um campo com um futuro promissor."