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Coluna ESG

por Felipe Mello

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Por Cintia Dias

Sustentabilidade é gerúndio

Gerúndio: forma nominal do verbo que expressa uma ação que está em curso ou que ocorre simultaneamente; ou, ainda, que remete a uma ideia de progressão. Uma excelente forma verbal para descrever a sustentabilidade, uma ação que tem início, mas que não tem fim. Eternamente em movimento, vislumbra novos desafios e patamares, mas nunca um ponto final. Em um mundo em constante transformação, a sustentabilidade atinge metas para, em seguida, renová-las ou estabelecer outros objetivos. Porque se tem algo que é certo, é que a velocidade do mundo atual vai impor novas questões para conciliar o crescimento econômico com o desenvolvimento sustentável.

Entender que iniciativas sustentáveis não são concluídas, mas sim renovadas, como um GPS que recalcula uma nova rota, é essencial para equalizar expectativas e resultados. Muitas empresas e líderes esperam ter uma colheita rápida de seus esforços em sustentabilidade, e se frustram quando isso não ocorre. Acreditam, dessa forma, que o plano não atingiu os objetivos propostos, quando, na verdade, ou o esforço foi inadequado frente aos resultados esperados, com um subdimensionamento de tempo e recursos (humanos e financeiros) para alcançá-los, ou houve desconhecimento sobre essa disciplina.

Não é um destino, é uma jornada

Não se preserva um bioma por seis meses. Nem se conclui o processo educacional de uma criança em território vulnerável mantendo-a por um ano na escola. Não é possível instituir um código de ética sem revisá-lo e acompanhar se o comportamento organizacional está alinhado ao conteúdo disposto. Muito menos se faz um inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e estipula um prazo para sua redução: sempre há como melhorar, adotar novas tecnologias, dobrar a meta. Nem se inicia um esforço de ampliar a diversidade e inclusão entre os colaboradores sem aprender com o processo, corrigir rotas e revisar, para cima, as metas, tão logo os objetivos iniciais sejam atingidos. 

Deixar de começar, por outro lado, não é uma boa opção. O mundo clama por mais mãos capazes de mitigar riscos existentes e prevenir os que estão por vir. O futuro reside no presente, e do que fizermos agora dependem as condições do mundo lá na frente. O passado pode até não nos revelar o que fazer, mas certamente é um ótimo professor sobre o que evitar. Uma empresa, claro, pode se abster de contribuir para um cenário mais justo e equânime no futuro, mas não se furtará a colher os malefícios de um ambiente com crises climáticas e injustiça social. 

Sustentabilidade é um dever de todos

Há, ainda, as empresas que não adotam práticas sustentáveis alegando serem de micro e pequeno porte, portanto, sem recursos - humanos e financeiros - suficientes para abraçar os critérios ESG. A estas, é importante frisar que cada organização deve realizar na medida do que possui. Às grandes empresas cabem os esforços maiores, mas as de menor porte não devem ignorar a força dos 4 Ps da sustentabilidade: iniciativas, ainda que poucas, pequenas, possíveis e progressivas têm um poder muito maior do que se possa imaginar. Nenhuma contribuição pode ser desprezada para que o planeta atinja melhores condições de vida, principalmente de um segmento que representa 99% da economia brasileira, como é o de empresas de micro e pequeno porte. 

Portanto, sustentabilidade não é um projeto com data para acabar, e sim um modelo de negócios que abrange uma série de iniciativas que se renovam e estabelecem novos patamares de atuação. Não é algo que se fez, mas sim que a empresa sempre fará. É um compromisso contínuo. Neste caso, está liberada a licença para praticar a linguagem do telemarketing: “vamos estar praticando ações sustentáveis”. Aqui, essa sentença está correta. 

Cintia Dias

Jornalista, publicitária, mestre em administração, especialista em comunicação, sustentabilidade e marketing e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do IBEF-ES.