A música como ferramenta interdisciplinar no Ensino Básico

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Marcelo Coelho

Na cultura ocidental, a música é predominantemente uma expressão artística, mas a sua apreciação como forma de arte e entretenimento é apenas um dos recortes possíveis das funcionalidades que a música pode exercer.

Dentre as áreas do saber e do desenvolvimento humano em que a música pode ser aplicada, a educação básica se apresenta como a grande oportunidade de expansão.

Na área da educação, a música é uma ferramenta pedagógica poderosa que facilita a aprendizagem e a compreensão do conhecimento de maneira integrada ao desenvolvimento cognitivo, emocional e social dos alunos.

Na matemática, por exemplo, o ritmo e a métrica das composições musicais contribuem de maneira lúdica para o aprendizado das frações e proporções, reconhecimento de padrões e sequências, multiplicação e divisão, simetria, álgebra, além do raciocínio lógico. 

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Na aprendizagem de línguas, a música em forma de canção é eficaz no ensino de estruturas gramaticais e novos vocabulários. As letras contribuem para o processo de memorização e uso prático da língua enquanto a melodia, organizada a partir das alturas das notas musicais, expande a capacidade de retenção do conteúdo. 

Quando se trata de história e cultura, a música serve como um documento vivo. A audição e análise dos gêneros musicais do passado pode oferecer aos alunos uma compreensão mais profunda das sociedades e dos contextos históricos de cada época.

Em disciplinas como física e biologia, a música também encontra aplicação prática. Na física, o estudo das propriedades do som, como frequência, ressonância e acústica, pode ser melhor assimilado quando compreendido através do funcionamento dos instrumentos musicais.

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Já na biologia, o estudo do impacto da música no corpo pode ser usado para compreender o cérebro humano e os processos biológicos.

Há também a oportunidade de criar uma experiência mais imersiva e interpretativa dos textos literários quando apreciados e analisados a partir de canções e óperas baseadas em obras literárias clássicas. 

Essas e outras tantas integrações pedagógicas possíveis sugerem um novo paradigma no ensino básico: uma abordagem interdisciplinar onde a música atua como catalisador, um eixo que atravessa e enriquece todas as áreas do conhecimento. 

A estruturação e propriedades musicais podem contribuir de maneira complementar na compreensão de cada disciplina, além de incentivar a criatividade e apreciação artística.

De acordo com Platão, “a música é o instrumento educacional mais potente do que qualquer outro.” 

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Marcelo Coelho

Mestre em Jazz Performance (U.Miami), doutor com pós-doc em processos criativos musicais (Unicamp e USP), compositor e saxofonista com experiência internacional. Dois livros e 10 álbuns lançados. Coordenador e professor na Escola Americana de Vitória.