A alfabetização tecnológica inclui livros de papel. Entenda o motivo
O Fórum Econômico Mundial publica o relatório “O futuro dos empregos”, desde 2016, apurando as macrotendências do mercado de trabalho e as habilidades que serão mais valorizadas nos próximos anos.
Os impactos dos avanços tecnológicos, as repercussões de questões geopolíticas e as deficiências na qualificação dos trabalhadores são catalogadas e, a partir da análise desses dados, são ranqueadas as habilidades do futuro.
A quarta – e mais recente – edição do relatório foi divulgada em maio de 2023 e traz a prospecção de que, em 2027, as habilidades mais valorizadas pelo mercado serão:
- Pensamento criativo
- Pensamento Analítico
- Alfabetização tecnológica
- Curiosidade e formação continuada
- Resiliência, flexibilidade e agilidade
- Pensamento sistêmico
- Capacitação em Inteligência Artificial
- Motivação e autoconsciência
- Capacidade de gerir talentos
- Orientação para servir e cooperar
Tanto para quem está no mercado de trabalho, quanto para quem prepara crianças e jovens para o futuro, essa “bússola da empregabilidade” pode ajudar a nortear nossas práticas educativas.
Num recorte estratégico, quero destacar nesta coluna duas habilidades: o pensamento criativo e a alfabetização tecnológica.
O desenvolvimento da criatividade – assim compreendida como a capacidade de conceber ideias novas e criar soluções que ainda não existem – está intimamente associado à imaginação. É preciso imaginar para, em seguida, “criar-atividade”.
O desenvolvimento da imaginação, por sua vez, é altamente favorecido pela leitura literária. Há inúmeros estudos científicos (e amantes da literatura espalhados por aí) capazes de comprovar essa afirmação!
Diferentemente do que se passa nos desenhos animados, filmes e vídeos, em que até os efeitos especiais estão postos, o livro deixa espaço para a imaginação.
É o leitor quem completa, com sua própria capacidade imaginativa, os cenários, as vozes das personagens, os detalhes adicionais e as possíveis continuações das histórias que lê.
Preparar para o futuro, nessa perspectiva, passa pela leitura literária como mecanismo de desenvolvimento da imaginação.
De outro lado, a alfabetização tecnológica – esse processo tão complexo e refinado quanto a própria alfabetização pedagógica – envolve a capacidade de selecionar e configurar as ferramentas certas para a execução de cada tarefa e inclui o despertar da consciência acerca da necessidade de um uso saudável dos recursos tecnológicos disponíveis.
Nossas vidas estão associadas à tecnologia e a leitura desta coluna, inclusive, mostra o quanto este processo é irreversível e, justamente por isso, requer que sejamos “alfabetizados tecnologicamente”.
Adultos, jovens, crianças: estamos todos em processo de alfabetização digital, procurando as ferramentas certas para auxiliar no controle à exposição excessiva às telas.
Estamos todos procurando as melhores configurações tecnológicas para uma vida equilibrada e o livro de papel – exibindo toda sua tecnologia de dobras, alta portabilidade, independência de qualquer fonte extra de energia, exceto a energia vital do leitor – é um precioso instrumento para nos ajudar nessa tarefa.
Os livros de papel, em tempos de tela, são como um refúgio. O passar de páginas exige dedicação exclusiva e impede que nossa atenção se fragmente em anúncios, hiperlinks e outras distrações.
Em resumo, a alfabetização digital precisa incluir livros de papel, quer por serem eles as melhores ferramentas para desenvolvimento da criatividade, quer por serem dotados dessa incrível configuração em suporte físico, que não desliga, não desaparece e nos conduz à presença e concentração.