Como engajar estudantes na era da informação rápida

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Rubia Bottacine Dalvi

Muito se tem discutido sobre a falta de motivação e engajamento dos jovens no âmbito da educação superior.

O modelo tradicional de ensino, caracterizado por densas aulas expositivas, nas quais o professor transmite o conteúdo para os alunos, que posteriormente são avaliados por meio de provas — que mais testam suas habilidades de memorização do que qualquer outra coisa —, não parece funcionar mais. Ao menos, é o que sugerem os cada vez mais altos indicadores de evasão.

A falta de conexão do que é aprendido em sala de aula com o mundo real é um dos fatores que mais parece incomodar os estudantes. Quem nunca ouviu aquela pergunta: “Professor, mas onde eu vou usar isso?”.

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Quando não conseguem enxergar como o conhecimento adquirido será aplicado na sua prática profissional, os alunos perdem o interesse.

Somado a isso, temos as opções alternativas para a “rápida aquisição de conhecimento”, que embora muitas vezes pobres e rasas, chamam a atenção dos jovens.

Aquele youtuber que promete ensinar a investir na bolsa de valores em um mês parece bem mais interessante que o professor doutor em Finanças.

Do lado de cá, o que nós, professores e gestores da educação superior podemos fazer para voltar a encantar?

Talvez seja o momento de nos desapegarmos da forma como fomos ensinados e expandir nossos horizontes para que possamos ensinar de um jeito novo, diferente e mais atraente. 

Ninguém sabe ainda qual é o novo “modelo ideal”, se é que ele existe, mas as iniciativas de renomadas escolas ao redor do mundo vão dando solidez a alguns princípios básicos:

  1. O aluno deve ser o protagonista na construção do seu conhecimento. Aulas meramente expositivas, não são mais eficazes. Muito pelo contrário, são a receita perfeita para ver uma turma distraída, alguns bocejos e checadas no celular.
  2. É preciso conectar os conteúdos com a prática do mercado, de modo a evidenciar o motivo da aquisição do conhecimento. 

Mas como fazer isso? Abaixo, listo algumas abordagens educacionais inovadoras que têm sido a aposta de muitas escolas:

  1. Challenge-Based Learning (Aprendizagem Baseada em Desafios): os estudantes identificam problemas reais, pesquisam soluções possíveis, criam e implementam um plano de ação e refletem sobre os resultados. Essa abordagem incentiva a inovação, o pensamento crítico e a resolução de problemas, conectando diretamente o aprendizado com o mundo real.
  2. Gameficação: consiste em utilizar elementos de jogos, como pontuação, níveis e recompensas, para tornar o aprendizado mais envolvente e motivador.
  3.  Flipped Classroom (Aulas Invertidas): os alunos estudam o conteúdo teórico em casa, através de vídeos e leituras, e utilizam o tempo de aula para atividades práticas, discussões e resolução de problemas. Isso torna as aulas mais dinâmicas, com a participação ativa dos alunos. 
  4. Laboratórios de Inovação e Empreendedorismo: espaços onde os alunos podem trabalhar em ideias inovadoras e projetos de startups, com acesso a recursos e orientação de professores e outros profissionais de mercado.

Vale a ressalva: a adoção de práticas inovadoras não significa deixar de lado o rigor e a solidez com que o conhecimento é transmitido.

Precisamos motivar os alunos e fazê-los querer concluir seus cursos, mas também temos um dever social a cumprir. Temos que formar capital humano de qualidade. É assim que evoluímos econômica e socialmente.

Precisamos entregar aos alunos o que eles querem, sem deixar de entregar o que precisam, entendendo que nem sempre eles terão a maturidade necessária para saber o que os fará avançar pessoal e profissionalmente.

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Rubia Bottacine Dalvi

Formada em Economia pela Fucape Business School, Mestre em Contabilidade e Administração e Doutoranda em Contabilidade e Administração, com pesquisa focada em marketing, na mesma instituição. Atualmente, é professora e coordenadora dos cursos de graduação da Fucape.