Dia dos Professores: o papel do educador de música na formação e inspiração de alunos

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Marcelo Coelho

É fato que todo dia é Dia do Professor, ainda que celebremos em uma data específica. Digo professor não apenas aquele em sala de aula, mas todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, expandem a nossa consciência e compreensão do mundo através de um ensinamento e isso pode acontecer a qualquer hora e em qualquer lugar. 

E o professor de música? Como é possível alguém ser capaz de ensinar a arte da manipulação do som com objetivo de transformá-lo em uma peça musical capaz de emocionar? 

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Não é de surpreender que, muitas vezes, os professores de música sejam vistos como alquimistas, seres capazes de criar maravilhas com os sons, capazes de ouvir música a partir de qualquer experiência sonora, seres que parecem viver em algum outro lugar fora desse mundo. Essa percepção, embora encantadora, reflete alguma realidade no ofício de ensinar música. 

Como instrumentista de alta performance e professor de diversos conteúdos e assuntos relacionados à música, desde o instrumento e prática criativa musical até as mais radicais teorias musicais, é fato que, depois de muitos anos de experiência, o ensino da música se torna um ofício tão relevante quanto a criação e execução musical.  

Somos guias em um processo complexo de criação musical. Essa habilidade de “ensinar” a música, frequentemente, surpreende alunos e pais, que nos veem como portais para um mundo de expressão artística e emocional através do domínio dos sons. É mesmo surpreendente, mas, sobretudo, gratificante.

Contudo, apesar do privilégio de sermos considerados alquimistas do som, há um ponto que deve ser levado a sua mais alta conta; antes de sermos professores de música, somos educadores. 

O ensino, em sua essência, é sobre simplificar o complexo para capacitar os alunos, uma ideia que ressoa com os pensamentos de educadores como Jean Piaget. Este grande educador trouxe à tona o princípio da adaptação dos métodos de ensino ao desenvolvimento cognitivo dos alunos, algo crucial no ensino de música. 

Desmembramos teorias e técnicas complexas para torná-las ferramentas acessíveis, de fácil compreensão e aplicação quase que imediata. Essa abordagem permite que o aprendiz, independente da idade, conduza o seu processo de desenvolvimento musical a partir das referências musicais preferidas.

Deve-se levar em conta também o fato de que a música não se encerra nela mesma, pelo contrário. Ao conectar a música à disciplinas como matemática, história e literatura, trazemos para os alunos novos mundos de compreensão. Essa educação holística fomenta a criatividade, o pensamento crítico e uma apreciação mais profunda da interconexão do conhecimento, mostrando que a música é um componente vital da cultura e expressão humana.

Educadores musicais renomados, como Zoltán Kodály, acreditam que a educação musical vai além das habilidades técnicas, abrangendo o desenvolvimento cognitivo e emocional. Kodály defendia que a música enriquece a alma e promove o crescimento intelectual, uma crença que está no cerne de minha filosofia de ensino.

Ao envolver os alunos na música, nutrimos sua inteligência emocional, criatividade e habilidades de resolução de problemas, transformando a educação musical em uma experiência que molda indivíduos completos. No final das contas, o que rege um grande professor de música é a sua paixão pela educação, paixão essa que guia e sustenta qualquer educador de qualquer disciplina. 

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Neste Dia dos Professores, celebramos a dedicação e paixão dos educadores que capacitam os alunos a alcançar seu máximo potencial. Independentemente da disciplina, os professores são fundamentais para o empoderamento e crescimento dos alunos, nutrindo a próxima geração de pensadores, criadores, realizadores, líderes e músicos. 

Como professores de música, temos o privilégio de inspirar um amor vitalício pela aprendizagem e pela exploração, ensinando não apenas notas e ritmos, mas também a paixão pela descoberta.

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Marcelo Coelho

Mestre em Jazz Performance (U.Miami), doutor com pós-doc em processos criativos musicais (Unicamp e USP), compositor e saxofonista com experiência internacional. Dois livros e 10 álbuns lançados. Coordenador e professor na Escola Americana de Vitória.