Educação das Virtudes 1: como fortalecer valores no Ano Novo

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Prof. Dra. Kathy Marcondes

Aproveitando que o Ano começou a acabar… vamos acabar também com o medo de “cometer literatura” e, assim, segue abaixo a crônica literária sobre Educação das Virtudes. 

Para introduzir essa história (publicada em 4 partes consecutivas), recordemos o conceito de virtude.

Nos dicionários esse substantivo feminino é assim definido: “qualidade própria para produzir determinados resultados, força, vigor e disposição constante do espírito que nos induz a exercer o bem e evitar o mal”.

A beleza lexical aqui é tamanha que parece que temos de entender de novo a “velha” palavra! Relembrá-la já que foi esquecida no meio de seus usos moralistas e desacertados! 

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Toda virtude é uma posição entre uma deficiência e um excesso. A integridade está entre a corrupção e o legalismo. O discernimento entre a tolice e o farisaísmo. O respeito entre a idolatria e a descuido.

A diligência entre a preguiça e a compulsão laboral… Logo seu treino é indispensável: uma tarefa educativa árdua. 

Sim, é preciso – por tanto – educar para a Virtudes! 

O grande Confúcio já assinalava que “O homem que é firme, paciente, simples, natural e tranquilo está perto da virtude”. E quem de nós não gostaria de “ser” tudo isso no Ano Novo? A sugestão, então, é educar nossas virtudes! Quem sabe em que nos renovarão? De Virtude só pode sair boas coisas!

A assembleia das virtudes

Para os mais antigos é uma lembrança… para os mais jovens, um aprendizado: as VIRTUDES são poderosas forças escondidas na profundidade de cada Ser Humano.

Diferente de Habilidades, Dispositivos ou Competências, as Virtudes são seleto grupo de valores exclusivamente dos seres que se sabem livres.

Só na liberdade absoluta elas podem aparecer, por pura escolha. Se não forem escolhas, não serão Virtudes. Se não forem práticas, não serão Virtudes.

Estarem no íntimo e no livre nunca as impediu, contudo, de existirem muito concretamente acima das nuvens.

A morada de onde as Virtudes iluminam o mundo humano não é tão alta quanto o Monte Olimpo, mas de lá tudo observam do mesmo jeitinho que os deuses.

Certas épocas e alguns fatos as fazem resplandecer e ganhar espaço no coração dos seres… outras épocas e acontecimentos as tornam muito longínquas… quase desbotadas… esquecidas numa terra distante… apartadas de multidões metropolitanas velozes de narizes enfiados em suas telas de eco. 

Em tempos de Guerra as Virtudes se tornam particularmente translúcidas… são descobertas por poucos e gigantescos corações humanos… enquanto que para outros homens e mulheres, se tornam absolutamente inexistentes. Não há Virtudes vivas em campos de batalha sangrenta.

Em tempos de disputas polarizadas as Virtudes se tornam o fiel de uma balança tão oscilante… tão maquiavelicamente desestabilizada a toda hora… que, às vezes, até se cansam… e vão recobrar suas forças cochilando aos pés de algum Anjo nas nuvens…

Sempre acordam renovadas por sonharem com o amanhã e voltam a seu trabalho de ressurgir no coração humano!!

Especialmente importante para o fortalecimento de todas as Virtudes é a Luz no horizonte do primeiro Dia do Ano Novo.

Todos os anos esse primeiro horizonte brilha com uma luz que cintila diferente. Um ciclo. Um portal. Um amanhecer literalmente “sagrado”, ou seja, apartado do mundo profano, surge no primeiro Dia do Ano Novo!

Nesse marco temporal funciona uma espécie de “carregador de baterias” para que o Bem-estar geral dure por todo o novo ciclo que se inicia… por toda a Terra.

Como se sabe, o Bem é virtuoso, e – por isso – as Virtudes ficam muito alertas nos fins de ano! Sabem que suas energias reunidas é que sustentarão o amanhecer, a luz dourada do Primeiro Novo Dia.

Vai chegando o fim do ano velho e as Virtudes já sabem que precisam ser renovadas e fortalecidas, para que a Luz se espalhe revigorante por todo novo tempo. 

Começa um certo friozinho na barriga delas… e agora? Será que teremos energia para retirar da escuridão das noites do passado o germe do novo amanhecer dourado de Luz cintilante?  

Quanto mais avivadas são as Virtudes nessa época, mais e mais se fortalecem. Se mais fortes, maior alcance daquele horizonte especial do Dia 1; mais o Bem se espalha no Ano Novo afora e mais e mais satisfatoriamente as pessoas vivem e percebem sua grande aventura: renovação!

O Bem-estar é garantido se o amanhecer for esperançoso… e quem fortalece a Esperança é justamente a energia das Virtudes reunidas. 

Em outras palavras: o fim de ano é um ciclo virtuoso ou vicioso… depende delas! 

Então… Naquele preocupante Fim de Ano… Estavam reunidas num salão todas as grandes Virtudes Humanas para deliberar, em Assembleia, o que fazer.

Decidiram pensar juntas a melhor forma de relembrar aos já maduros e ensinar aos mais novos o que realmente celebrar e fortalecer nas Festas de Fim de Ano

Depois de muito meditar… votaram. Por unanimidade resolveram usar de uma poderosa e simples forma de comunicação muito antiga: mandar uma CARTA… com o objetivo de fazer ressoar o que no fundo da Alma Humana todos sabem, todos são, todos têm e a maioria apenas esqueceu, frente as dificuldades de cada época.

Cada Virtude redigiu sua Carta-Lembrança para o coração de cada ser que já a buscara ou a exercera quando criança ainda.

Cada Carta-Lembrança foi devidamente selada, lacrada e postada… seguiram com os ventos… levavam os desejos auspiciosos de todas elas, para que houvessem BOAS FESTAS para todo o mundo! Em todos os lugares! 

Suas missivas lembravam a cada destinatário que o Fechamento dos Ciclos de um ano é também uma Abertura de outras e novas Etapas da Graça da Vida.

Assim nos educando e relembrando o que há de “humano” e “virtuoso” na liberdade de escolhermos ser melhores do que já fomos, no ano seguinte, as Virtudes fizeram a sua parte.  Cada Carta-Lembrança evocava a Luz de cada um… para matizar a Luz de todos!

Certa redação, de certo jornal, num certo momento de inteligência digital, numa certa Folha Vitória… resolveu publicar algumas delas… 

Você já leu a sua carta? Preste mesmo atenção… você relembrará… e o Ano será Novo!

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Prof. Dra. Kathy Marcondes

Psicóloga Clínica, psicoterapeuta na abordagem junguiana; foi Prof. Titular de Psicologia da UFES; Pós-doutora em Educação, Mestre e Especialista em Psicologia Analítica; Especialista em Mitologia, Arte e Literatura; formações em Hipnoterapia, Biblioterapia e Arteterapia. Autora de livros e palestrante. kathymarcondes.com.br tem alguns outros textos seus.