Você sabe o que é Educomunicação? Entenda

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Ivana Esteves

O surgimento do campo da Educomunicação consolidou-se, no Brasil, no final da década de 1990, envolvendo a Leitura Crítica da Comunicação e bebendo nas águas dos estudos freireanos, da educação dialógica. Efetivou-se em um Núcleo de Comunicação e Educação (NCE), da Universidade de São Paulo (USP), configurado na Licenciatura em Educomunicação.

A Educomunicação aborda a participação, a capacidade de escuta, o processo colaborativo, interativo e dialógico. É uma área de conhecimento, relativamente, recente, que tem como um de seus principais estudiosos no Brasil, o professor doutor Ismar de Oliveira Soares, da USP.

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O educador brasileiro Paulo Freire foi um dos pioneiros no entrelace Comunicação-Educação, considerando a Comunicação como um componente indispensável ao processo educativo.

Definido pela Unesco como um campo teórico-prático, que evidencia uma proposição de Educação para a ativação das mídias; o campo da Educomunicação consubstancia-se na produção de conteúdos educativos, bem como na gestão democrática dos meios comunicacionais, cujo propósito é a construção de uma Comunicação Cidadã.

Esse ponto de vista interdisciplinar do processo comunicativo é imperativo, no momento atual, levando em consideração as interações do ecossistema comunicacional, cada vez mais entregues, de forma avassaladora e inquestionável, aos múltiplos canais disponibilizados pelas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s).

Outro fator demandante desse campo de estudo são as Fake News e o descontrole ético dos conteúdos depositados nas redes.

Em um contexto de comunicação mais informacional do que dialógico, o cenário das ações de comunicação tem o delinear de uma diversidade de autores, e o que preocupa é o despreparo na sua condução, pelos que se lançam em sua prática de forma indiscriminada e impensada.

“Pensar a Comunicação” foi o convite feito em livro, por um dos mais destacados sociólogos da Europa, o francês Dominique Wolton, no ano de 1997. A obra, um clássico nos estudos da Comunicação, é considerada, hoje, como necessária, imprescindível e crucial para se abordar comunicação ou informação.

Wolton não só convida os afeitos ao trato da comunicação a exercitarem o pensar acerca dela, como também faz provocações sobre seu uso.

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Tive a oportunidade de assistir a uma palestra dele no Brasil. Li, reli e fiz uso de outro livro dele: “Informar não é comunicar”, no qual o pesquisador apregoa como um grande desafio da comunicação no século XXI, o relacionamento e as interações face a face. Ele conclama as pessoas a afastarem-se do fascínio pela técnica para
criarem vínculos. “Não precisamos de mais técnica, precisamos de mais inteligência crítica”, enfatiza Wolton.

A área da Educação para a Comunicação busca trabalhar as dinâmicas comunicacionais, com foco na formação dos emissores, e a refletirem sobre a recepção da comunicação.

O campo de atuação do educomunicador é o ambiente formal e não formal educacional. E o propósito é a responsabilidade sobre o conteúdo comunicado. Atuar nesse âmbito é mobilizar a responsabilidade, a criticidade e o pensar sobre o que se comunica, além das consequências do que se transmite de informação.

É muito menos uma questão de canal e muito mais a responsabilização sobre a mensagem. A Educomunicação consolida a importância da Comunicação na Educação e vice-versa.

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Ivana Esteves

Graduada em Comunicação – Jornalismo / Ufes (1990), licenciada em Pedagogia Ipemig/ MG (2022), Pós-Graduação em Marketing, Faesa (2000), Mestrado em Letras pela Ufes (2004), e é Doutora em Letras pela Ufes (2015), Pós- doutora em Educação na Unesp/PP/SP (2017). Licencianda em Letras (Ifes) e cursando complementação pedagógica na Estácio. Atua em Educação para a Mídia (Educomunicação), e na formação de professores da rede pública e privada.