Formação leitora: urgência de leitura no Brasil

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Ivana Esteves

A edição 2024 da Revista Retratos da Leitura no Brasil, apresenta uma triste realidade. Lançada em 19 de novembro, a sexta edição da publicação evidencia uma redução de 6,7 milhões de leitores no Brasil.

É a primeira vez que a proporção de não-leitores supera a de leitores. Isso significa que mais de 50% das pessoas não leram nem parte de um livro – impresso ou digital – tampouco livros didáticos, livros religiosos, nos três meses anteriores à pesquisa.

Tal demonstrativo nos dá a ver o quão importante, urgente e necessário se faz o alargamento de campanhas de leitura no país, sob a ameaça de uma alienação completa da população.

Como Educomunicadora, jornalista e formadora em Estratégias de Leitura com Literatura, me incomoda assistir ao processo de perda de criticidade na sociedade, de jovens e acima.

A leitura nos propicia enxergarmos longe, ativarmos a nossa imaginação e nos incentiva à contemplação, análise e debate.

Hoje, estamos como que zumbis com aparelhos nas mãos, observando, nas mais das vezes, imagens que não escolhemos ver; ouvindo vozes, que muitas vezes nada de relevante tem a falar.

E quando resolvemos dar o ar de nossa graça nas redes sociais, sequer pensamos sobre o dizer, antes de esboçarmos a nossa opinião. Sem leitura, não há nada de proveitoso a emitir para o outro. Melhor seria o silêncio…

É no silêncio que acolhemos as palavras que nos chegam em um livro, e as elocubramos na mente. Reverberamos depois em sensações, talvez um comentário compartilhado, e uma reescrita. Isso é o que até pouco tempo fazíamos para o preenchimento de nossas mentes e almas. LER!

Nesse mês de novembro, realiza-se o X Encontro Brasileiro de Educomunicação em Brasília, uma área que deve ser explorada nas escolas para reflexão e prospecção de leitura, de formação de leitores, abarcando a leitura de imagens e de textos de diversos gêneros, em totalidade, não apenas em fragmentos, como apresentado nos livros didáticos.

Um país sem leitores é um país incapaz de decidir os seus rumos, fazer as melhores escolhas e definir contextos e situações que culminem na expansão e desenvolvimento.

Também é pela leitura que nos constituímos como seres humanos, com humanidade em essência. Antes de nos lançarmos na apreensão das ferramentas tecnológicas, correndo para realizar cursos de IA, talvez seja melhor apanhar um livro na estante.

Ler para nossos filhos, em lugar de colocar-lhe um celular nas mãos, e de repassar essa responsabilidade tão somente para a escola, que também necessitam que seus educadores reaprendam o valor de um livro e as infinitas possibilidades de se educar por meio da literatura.

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Ivana Esteves

Graduada em Comunicação – Jornalismo / Ufes (1990), licenciada em Pedagogia Ipemig/ MG (2022), Pós-Graduação em Marketing, Faesa (2000), Mestrado em Letras pela Ufes (2004), e é Doutora em Letras pela Ufes (2015), Pós- doutora em Educação na Unesp/PP/SP (2017). Licencianda em Letras (Ifes) e cursando complementação pedagógica na Estácio. Atua em Educação para a Mídia (Educomunicação), e na formação de professores da rede pública e privada.