Criança aprende a tocar violão
Criança aprende a tocar violão. Foto: Freepik

A música está para além da arte e do entretenimento quando é percebida e explorada como um poderoso veículo de aprendizagem.

No contexto da educação básica, a relação da música com disciplinas como Matemática e Física acontece de maneira imediata, são muitas as oportunidades de associação desses conteúdos com a estruturação musical. 

Porém, outras disciplinas aparentemente distantes como a Biologia, por exemplo, desafiam o fato de que a música é um elemento quase onipresente em todas as matérias do ensino escolar. 

Mas como a música está associada à Biologia? 

Esta fascinante relação começa na Física, com a formação dos sons que são emitidos pela voz e pelos instrumentos musicais.

Esses sons se deslocam pelo ar como ondas sonoras até alcançar os nossos ouvidos, mas a sua percepção e audição só acontece no nível biológico. 

O simples ato de ouvir música é na verdade um complexo sistema biológico que transforma ondas sonoras em sinais elétricos.

Quando um som alcança o ouvido externo, ele segue por um canal auditivo até atingir o tímpano.

A vibração dessa membrana é transmitida através dos ossículos do ouvido médio até a cóclea no ouvido interno, onde as vibrações são transformadas em sinais elétricos.

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Esses impulsos são enviados ao cérebro, mais especificamente ao córtex auditivo, onde o som é finalmente percebido como música.

No entanto, a jornada da música não termina na sua percepção auditiva, mas no estímulo de uma extraordinária gama de processos cognitivos e emocionais.

Música pode influenciar tudo

Estudos mostram que a música pode influenciar tudo, desde nossas emoções até nossa capacidade de foco. Ela ativa diversas áreas do cérebro, incluindo aquelas responsáveis pela memória, atenção e controle motor.  

No curso ‘Music as Biology: What We Like to Hear and Why’ (Música como Biologia: O Que Gostamos de Ouvir e Por Quê) oferecido pela Duke University, o professor Dale Purves apresenta uma perspectiva única que sugere que as preferências musicais são baseadas em sons do ambiente natural que foram importantes para a sobrevivência humana ao longo da evolução. 

Purves faz uma análise aprofundada de como os princípios biológicos influenciam nosso gosto musical, usando uma mistura de neurociência, psicologia e teoria evolutiva para explicar a universalidade e a importância cultural da música.

Também são discutidas teorias sobre como a música pode ter desempenhado um papel na evolução humana, potencialmente influenciando a socialização e a comunicação entre os primeiros seres humanos.

Música potencializa o aprendizado

A música, quando integrada à educação, potencializa o aprendizado, promove o desenvolvimento cognitivo e emocional e prepara os estudantes para um mundo cada vez mais complexo e interconectado.

Para um educador atento, conhecer a sua estrutura é ter acesso a um imenso recurso de associações interdisciplinares em conteúdos improváveis, assunto explorado no artigo “A Música como ferramenta interdisciplinar no Ensino Básico”.

Marcelo Coelho

Colunista

Mestre em Jazz Performance (U.Miami), doutor com pós-doc em processos criativos musicais (Unicamp e USP), compositor e saxofonista com experiência internacional. Dois livros e 10 álbuns lançados. Coordenador e professor na Escola Americana de Vitória.

Mestre em Jazz Performance (U.Miami), doutor com pós-doc em processos criativos musicais (Unicamp e USP), compositor e saxofonista com experiência internacional. Dois livros e 10 álbuns lançados. Coordenador e professor na Escola Americana de Vitória.